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A cereja (Trump e os outros)

Se eu fosse conselheiro de Donald Trump pedia-lhe para dizer o seguinte, numa qualquer conferência de imprensa ou nota para a comunicação social: o que é que vocês, senhores jornalistas, pensam o que faria os Estados Unidos da América se a Rússia decidisse instalar na fronteira do México ou até mesmo na Venezuela uma base militar com potencial nuclear? Façam o favor de perguntar a Clinton, Bush, Obama ou Biden. 
Uma das razões desta guerra entre a NATO e a Rússia não tem a ver diretamente com a Ucrânia. Os estafados argumentos que andam há anos a proclamar não passam de puras aldrabices, visto que são absolutamente contraditórios nos seus pressupostos (Europa em perigo, defesa dos valores democráticos, agredido e agressor, Putin, Estaline e Hitler, a Rússia é a opressora de um povo oprimido, etc., etc., etc.).
Está gente não quer perceber que há países e países, isto é, há países que são, simplesment, países (o que já não é pouco) e existem países que são mais do que isso: são potências e que, por isso, são tratadas, nas relações internacionais, de maneira diferenciada. É fácil perceber isso: basta olhar para os Estados Unidos da América. Basta também olhar para a própria União Europeia que, não sendo um país, uns decidem por outros e estes aceitam sem pestanejar as decisões daqueles.
Esta idiossincrasia saiu dos escombros do resultado da segunda guerra mundial, onde o mundo foi dividido em dois blocos de influência. Se eu gosto? Não. Mas prefiro, nesta irremediável conjetura, que os Estados Unidos não estejam sozinhos no mundo. Neste momento, os nossos extraordinários líderes europeus, deveriam pensar exatamente o mesmo: dar graças por existir a Rússia e a China, os únicos que podem contrabalançar o poderio imperialista (sim, é também de império que se trata) dos EUA.

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