Pedro Sánchez tem-se revelado uma voz incomoda para a Europa, devido ao seu incómodo desalinhamento. Daí que, nas hostes da Comissão Europeia, já devem estar a esfregar as mãos de contentamento, pois, nesta nova matriz humanista da União Europeia, não há lugar para desalinhados. E como Sánchez não é, felizmente (emprego aqui o advérbio com desilusão), António Costa, há que o arrumar para canto e assim quase todos cantam a uma só voz, como convém, presumo, a uma comissão democraticamente saudável, segundo os hodiernos pontos de vista.
No decurso do após a Segunda Guerra Mundial, o papel da Europa no mundo, enquanto bloco em construção, sempre foi pautado pela aposta no diálogo e na diplomacia. A União Europeia é, neste pressuposto, o exemplo acabado dessa aposta: um espaço de diálogo entre as nações, uma espécie de nações unidas europeia, alargando o seu campo de ação para a união e o desenvolvimento económicos. A mensagem belicista estava, geralmente, a cargo de outros, bem mais capazes neste campo. Este panorama foi possível durar porque existiam pessoas com verdadeiras competências de liderança política, onde o primado estava sempre na dignidade do ser humano, em que a guerra, enquanto aposta na resolução de conflitos, só seria equacionada quando se esgotassem, radicalmente, todas as hipóteses diplomáticas. Não é isso que acontece nos nossos dias. De repente, acordamos e vemos a Europa e a União Europeia a cortarem os canais diplomáticos com a Rússia, país com o qual teremos de estar sempre ligados, po...
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