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A guerra (2)

Retomando o post anterior: é factual que houve uma oportunidade de negociação entre a Rússia e a Ucrânia logo em 2022, na Turquia. É factual que Zelenski foi convencido a rejeitar essas mesmas negociações, que levariam a um inevitável acordo, sem grandes prejuízos para ambos os contendores. A aposta da Inglaterra e dos Estados Unidos, sujeitando posteriormente a União Europeia, foi, portanto, uma aposta bélica e de implosão putinista.
Ora, essa aposta foi derrotada, como se está a verificar: a Rússia está a ganhar a guerra, militarmente. Neste sentido, não me parece que possa haver uma reviravolta e a Ucrânia possa, agora, iniciar uma reconquista dos territórios anexados pela Federação Russa. O que resta? Continuar a guerra, apoiando a Ucrânia militarmente?
Independente das razões, os EUA estão, neste momento, do lado certo, do lado da paz. Por isso, faz-me muita impressão a aposta, do lado da sempre humanista Europa, na continuação da guerra, sabendo que a retórica da paz justa, simplesmente, não existe.

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