Luís Montenegro não quer ver os cartazes do Chega onde surge ao lado de José Sócrates. Daí que pediu ao Tribunal Judicial de Lisboa que ordene ao partido de André Ventura a retirada dos mesmos, num prazo de cinco dias. Montenegro não quer, assim, ser associado a José Sócrates, arguido no processo Marquês e acusado de vários crimes.
O antigo primeiro-ministro vive um verdadeiro imbróglio jurídico, em que as mentes mais, digamos, extremadas defendem que o seu objetivo é adiar, adiar, adiar... até à prescrição. Faz-me lembrar o que se passa com a Guerra da Ucrânia: só interessam os argumentos do lado com o qual mais simpatizamos, ou com o qual a maioria simpatiza e que convém nós também simpatizarmos. Daí que, por qualquer tipo de reação pavloviana, fechamos os olhos e os ouvidos ao outro, que passa de imediato a uma categoria próxima do bizarro e a carregar uma qualquer suspeição.
Montenegro não quer, portanto, ser associado aos alegados crimes de José Sócrates, mas não se importa de estar associado aos alegados crimes de Albuquerque. Para o primeiro-ministro, há crimes de corrupção (ativa e passiva) bons e há crimes de corrupção (ativa e passiva) maus.
Montenegro quer construir uma aura de impoluto, à Cavaco Silva, tentando descontruir as suas habilidades com a Spinumviva. Daí que aparecer ao lado do ex-primeiro-ministro Sócrates, mesmo no âmbito da livre e democrática expressão de ideias que os partidos políticos usufruem, não ajuda muito para alcançar o voto daqueles eleitores mais perplexos com as suas chico-espertices.
O que verdadeira e desgraçadamente o atual primeiro-ministro exterioriza, com estas suas atitudes, não é mais do que a miserabilidade política no seu melhor. Ou pior!...
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