Tenho defendido que há, na nossa comunicação social televisiva, uma tendência para o comentário excessivo. Comenta-se tudo horas a fio, dias a fio, semanas a fio, numa alternância temática demolidora. Começou no futebol e o futebol aglutinou a política e, depois, ora por vaidade dos convidados, ora por estratégia das direções dos canais (não acredito que paguem grande coisa a esta gente) implantou-se, definitivamente, o comentário como instituição. O exemplo destes dois dias - a extraordinária queda do avião da Índia e o vergonhoso e demolidor ataque de Israel ao Irão -, com incessantes convidados a repetirem a mesmíssima coisa durante horas e dias mostra bem o estado da arte dos canais de notícias.
A respeito do acidente, até desculpo os pobres pilotos e especialistas da aviação que andaram a saltitar de canal em canal a dizerem que só podem especular. O problema é que aparece sempre alguém que acende um rastilho qualquer que é imediatamente aproveitado pelos adeptos das teorias da conspiração, mesmo que estas não façam mal a uma mosca. Mas pronto, vai-se enchendo o chouriço.
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