A discussão acerca da demolição das barracas é humanamente deplorável por parte da autarquia. É revelador da capacidade do Chega em agregar - pasme-se! - até socialistas ou, pelo menos, socialistas que não sabem o que é a matriz do Partido Socialista. No entanto, a discussão mantém-se na espuma dos dias, discussão que interessa, mais uma vez, ao Chega.
Qual é, então, o problema de fundo? Chama-se Portugal e a incapacidade do país distribuir, homogeneamente, do ponto de vista geográfico, os imigrantes que têm assomado nas grandes cidades, principalmente na capital.
E por que razão estás pessoas não se deslocam para o interior, onde as rendas são substancialmente mais acessíveis? A resposta é simples: não há trabalho sustentável. E por que não existe, no interior do país, trabalho que permita às pessoas terem uma vida economicamente despreocupada? Mais uma resposta simples: não há catalisadores económicos (empresas, serviços) que permitam sustentar uma economia local. E por que é que esses alavancadores económicos não existem?
A resposta é, igualmente, simples, mas já teríamos de recuar até aos primórdios da democracia portuguesa, que foi incapaz de reverter a estrutural assimetria do país.
Os votos falaram sempre mais alto.
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