A diplomacia trabalha muito longe dos holofotes. Um bom trabalho no âmbito diplomático é aquele em que as partes não se fazem ouvir, trabalhando longe dos holofotes. Olho, por exemplo, para o conflito que opõe a Rússia à Ucrânia e o que vejo é confrangedor. Parece uma antevisão de um qualquer jogo de futebol, em que os treinadores, nas conferências de imprensa que antecedem o jogo, tentam, através de discursos mais ou menos acutilantes, desestabilizar o adversário. As televisões adoram; os comentadores interpretam abundante e criativamente. Todo este panorama emerge de um denominador comum: a falta de qualidade dos líderes. Para mim, é uma evidência. O importante é, muitas vezes, esganiçarem-se. Não sei se saberão que existe sempre o risco de uma afonia.
No decurso do após a Segunda Guerra Mundial, o papel da Europa no mundo, enquanto bloco em construção, sempre foi pautado pela aposta no diálogo e na diplomacia. A União Europeia é, neste pressuposto, o exemplo acabado dessa aposta: um espaço de diálogo entre as nações, uma espécie de nações unidas europeia, alargando o seu campo de ação para a união e o desenvolvimento económicos. A mensagem belicista estava, geralmente, a cargo de outros, bem mais capazes neste campo. Este panorama foi possível durar porque existiam pessoas com verdadeiras competências de liderança política, onde o primado estava sempre na dignidade do ser humano, em que a guerra, enquanto aposta na resolução de conflitos, só seria equacionada quando se esgotassem, radicalmente, todas as hipóteses diplomáticas. Não é isso que acontece nos nossos dias. De repente, acordamos e vemos a Europa e a União Europeia a cortarem os canais diplomáticos com a Rússia, país com o qual teremos de estar sempre ligados, po...
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