Parece que entendi: em paralelo com a aposta conjunta da União Europeia em defesa (ou projetos de defesa, pois parece-me que os projetos já estão espantosamente elaborados), a Alemanha vai investir, durante um período considerável de tempo (12 anos), quantias fabulosas na sua indústria de defesa. Obviamente, a Alemanha não pode ficar atrás dos outros países. A outra Europa, agora tão estruturalmente precavida, vive bem com estas aspirações. Um dia, com os paióis a abarrotar, acordaremos com um Adolfo da AFD na chancelaria. Será talvez nesse dia que negociaremos com o terrível Adamastor que vive perto de nós e que, uma dia, nos idos de quarenta do século passado, ajudou a salvar esta bela Europa da barbárie nazi.
No decurso do após a Segunda Guerra Mundial, o papel da Europa no mundo, enquanto bloco em construção, sempre foi pautado pela aposta no diálogo e na diplomacia. A União Europeia é, neste pressuposto, o exemplo acabado dessa aposta: um espaço de diálogo entre as nações, uma espécie de nações unidas europeia, alargando o seu campo de ação para a união e o desenvolvimento económicos. A mensagem belicista estava, geralmente, a cargo de outros, bem mais capazes neste campo. Este panorama foi possível durar porque existiam pessoas com verdadeiras competências de liderança política, onde o primado estava sempre na dignidade do ser humano, em que a guerra, enquanto aposta na resolução de conflitos, só seria equacionada quando se esgotassem, radicalmente, todas as hipóteses diplomáticas. Não é isso que acontece nos nossos dias. De repente, acordamos e vemos a Europa e a União Europeia a cortarem os canais diplomáticos com a Rússia, país com o qual teremos de estar sempre ligados, po...
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