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Aguiar-Branco e a normal hipocrisia política

 Não simpatizo muito com aquele estafado argumento que ajuda a caracterizar certas pessoas públicas, no qual se diz, com algum grau de censura, "é político", subentendendo-se, a seguir à expressão, um "e isso diz tudo".

Ser político não deve ser, obviamente, cadastro, mas currículo. Ao contrário da primeira expressão, há uma outra, carregada de ironia, em que se diz que "melhor do que ser ministro é ser ex-ministro". Tanto uma como a outra têm uma carga depreciativa relativamente ao cargo público que os políticos carregam consigo.

Voltemos a Aguiar-Branco. Este pede, aos políticos, nesta nova legislatura, maturidade, ao mesmo tempo que afirma que não está preocupado com a atual composição do Parlamento. Aguiar-Branco, na campanha eleitoral, expandiu uma biliosa retórica, ao proclamar que Pedro Nuno Santos "fez pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos".

Temos, pois, aqui, revelado o grau de maturidade daquele que foi a segunda figura do Estado até há poucas semanas e que, com esta extraordinária tirada populista, continuará a sê-lo na composição parlamentar que aí vem. 

É político!... (ou antes um artista português?!...).

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