Cavaco Silva a elogiar as qualidades éticas de Montenegro (tem uma dimensão ética igual ou superior às dos outros líderes partidários, segundo o ex-primeiro-ministro) é muito interessante. Cavaco não apoiaria Montenegro se lhe passasse pela cabeça que não poderia ganhar as eleições. Cavaco quer, através de Montenegro - que é um seu indefectível admirador - ser, igualmente, um vitorioso, sair da sombra esmagadora da história. Quer ouvir Montenegro retribuir-lhe, publicamente, palavras elogiosas. Cavaco é assim: constrói a sua própria história.
A luta do PSD e CDS para deixar de fora o PPM permanecendo, no entanto, com a sigla AD foi chumbada pelo Tribunal Constitucional. Se quiserem continuar coligados, estes dois partidos terão de alterar a sigla, pois o PPM faz parte dela. O mais curioso, a meu ver, diz respeito ao CDS, o qual, com sabemos, está representado no parlamento não por mérito próprio, mas por estar coligado com o PSD. O CDS, com a sua enorme força política, não quer a companhia de pequenos partidos na coligação. Um dia, o PSD acorda e verifica que o CDS afinal, só lhe traz problemas, convidando, quem sabe, a Iniciativa Liberal para ocupar o lugar deixado vago pelo CDS-PP. E será nesse dia que o partido fundado por Freitas do Amaral se tornará próximo do PPM, quanto mais não seja pela inexistência representativa. Talvez os Nunos Melos que por lá pululam se lembrem então que não basta andarem encostados para existir.

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