Um episódio idêntico a este, agora na CNN Portugal, voltou a normalizar o disparate no jornalismo, em Portugal.
Francisco David Ferreira, um jornalista da casa, abriu, deste modo, a contenda (o correto deveria ser entrevista, mas os jornalistas estão mais preocupados em deixar a sua pegada "ecológica" do que a sua pegada de imparcialidade, que deve reger, naturalmente, uma entrevista): "Sabemos que [o Chega] recorre, e até Pedro Frazão já o fez várias vezes, a informações falsas para fazer alguma propaganda. Isso vai mudar, Pedro?"
Claro que Pedro Frazão ficou indignado, como indignado ficaria qualquer entrevistado que, perante a clareza arrogante do jornalista (repito a ideia: os jornalistas estão mais preocupados em mostrar que não votaram Chega do que fazer, deontologicamente, o seu trabalho), esperava, naturalmente, expor, sem armas apontadas à cabeça, o seu ponto de vista.
Jornalismo não é isto. Um entrevistador não deve sobrepor-se ao entrevistado. O que menos interessa, numa entrevista, é a opinião do jornalista.
Nota final:
Antigamente, exagerava-se no sr. Doutor. Agora parece que o "bom" jornalismo envereda pela descontração na interpelação ao entrevistado. Só falta mesmo a interjeição vocativa "Ó" antes do Pedro.
Assim, senhores jornalistas, se quiserem tratar os vossos entrevistadores pelo nome, nunca o façam somente através do nome próprio: acrescentem, sempre, o apelido ("Isso vai mudar, Pedro Frazão?" Estão a ver a diferença?).
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