Eu sei que José Sócrates é uma espécie de proscrito na sociedade portuguesa. Eu sei que o homem deixou de ter voz no nosso espaço público e político, o que também é revelador da cobardia política de alguns políticos. No entanto, José Sócrates é tão inocente com qualquer um de nós, porque ainda não foi condenado de nada. É assim o estado de direito. O ex-primeiro-ministro escreveu um artigo sobre o pendor belicista que a Europa atravessa. Vai ao encontro do que aqui tem sido escrito sobre o tema. Gosto. Gostei.
No decurso do após a Segunda Guerra Mundial, o papel da Europa no mundo, enquanto bloco em construção, sempre foi pautado pela aposta no diálogo e na diplomacia. A União Europeia é, neste pressuposto, o exemplo acabado dessa aposta: um espaço de diálogo entre as nações, uma espécie de nações unidas europeia, alargando o seu campo de ação para a união e o desenvolvimento económicos. A mensagem belicista estava, geralmente, a cargo de outros, bem mais capazes neste campo. Este panorama foi possível durar porque existiam pessoas com verdadeiras competências de liderança política, onde o primado estava sempre na dignidade do ser humano, em que a guerra, enquanto aposta na resolução de conflitos, só seria equacionada quando se esgotassem, radicalmente, todas as hipóteses diplomáticas. Não é isso que acontece nos nossos dias. De repente, acordamos e vemos a Europa e a União Europeia a cortarem os canais diplomáticos com a Rússia, país com o qual teremos de estar sempre ligados, po...
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