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Mensagens

Os mentirosos

O ministro da educação não foi meigo a qualificar o reitor da Universidade do Porto. Foi, aliás, clarissimom muito claro, demasiado claro: "o senhor reitor da Universidade do Porto, Professor António Sousa Pereira, mentiu". Acontece que "o senhor reitor da Universidade do Porto, Professor António Sousa Pereira", já negou, clarissimamente, que tivesse mentido.
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Incendiários

A lista de eventuais crimes de pessoas ligadas ao partido Chega é longa e variada. Penso que faltava lá o de incendiário. Já não falta: foi pretendido pelo mandatário do partido em Montemor-o-Novo. De entre a lista, este é, porventura, o que melhor se adequa ao ADN do partido: afinal, vieram mesmo para incendiar isto tudo, metaforicamente falando, claro.

Sócrates

  José Sócrates é, para os jornalistas, o russófilo quando o assunto é a guerra da Ucrânia . Curiosamente, são basicamente os mesmos comentadores (jornalistas e não jornalistas) que criticam ferozmente José Sócrates e criticam ferozmente tudo o que é Vladimir Putin . A natureza humana tem destas coisas. É para isso que os tribunais servem. Pelo menos, espera-se que sirvam.

O acidente da carris

O presidente da centenária Carris deve apresentar a sua demissão e, se o não fizer, deve ser demitido. Não porque tenha responsabilidades diretas pelo acidente, mas por ter feito uma deplorável e refletida declaração ao país sobre a manutenção (ou falta dela) dos funiculares. Afirmar que se gastou mais do dobro do dinheiro na última década em manutenção é não perceber nada do que está em causa.

Elevador da Glória

 Nunca me passaria pela cabeça que uma das medidas simbólicas da nossa classe política a respeito do terrível acidente ocorrido ontem em Lisboa fosse ir mediatamente à missa . Estavam lá três ministros, incluído Montenegro , o Presidente da República , Alexandra Leitão e o inevitável Moedas .

Montenegro garante apoio constante a Zelensky

 É bom - deve até ser balsâmico - armarmo-nos, de vez em quando, em ricos, principalmente quando podemos fazê-lo com o dinheiro dos outros. É o caso do nosso primeiro-ministro que garantiu um apoio constante (!) à Ucrânia , mesmo na reconstrução . Eu gostava que o primeiro-ministro do meu país fosse assim tão acutilante nas garantias que dá os portugueses. Gostava, por exemplo, que prometesse melhores salários, menos urgências encerradas, melhores condições de vida, em suma. Mas tudo bem. Nós, portugueses de gema (e de bem, como diz o afamado Ventura ) contentamo-nos com muito pouco. É a sorte dos Montenegros que nos governam.

A "silly season": Chega, Marcelo, jornalismo

  É difícil, nos dias que correm, distinguir "sillies seasons". De facto, o jornalismo português (e não só) anda pelas ruas da amargura, acompanhando, de certo nodo, o nível dos políticos (isto anda tudo ligado, diria alguém da nossa praça). A última tolice dos comentadores (os que são jornalistas e os que o não são - anda tudo ligado...) diz respeito a uma conversa distendida de Marcelo na universidade de verão da Juventude Social Democrática , que tem servido de germe ensaístico dos futuros Costas , Montenegros , Passos e Tozé Seguros . O que, então, disse Marcelo? Na tribuna académica da juventude partidária, atrás de um microfone, afirmou que Trump se comporta como um aliado da União Soviética, da Rússia, emendou. O que foi Marcelo dizer! Todos sabemos que o presidente dos Estados Unidos, sempre a par do que Marcelo diz e não diz, não deixará sem resposta o nosso presidente, colocando eventualmente em causa a aliança geoestratégica de Portugal com os Estados Unidos da ...

A violência doméstica e as televisões

 A violência doméstica é um flagelo nacional, segundo os números apresentados pelas entidades competentes. No entanto, é também uma apetência para os diversos canais de televisão, os quais exploram até à exaustão, com flagrantes imagens, os casos noticiosos e que deixam, naturalmente, de ser notícia. Tudo em nome, presumo, de uma certa pedagogia de almanaque que os canais televisivos se empenham em mastigar, seja em programas da manhã, seja nos noticiários de maior audiência. Estas televisões deixam, de repente, de se importar com aquele filho de 9 anos que é constantemente exposto às imagens na televisão do pai a bater na mãe e ele, no meio, a separá-los. Sempre poderá dizer, lá na escola, que apareceu na televisão.

A ministra e os bombeiros

A ministra da administração interna, com o beneplácito deo primeiro-ministro, não se lembrou der nada mais criativo do que aumentar em 25% a remuneração diária dos bombeiros que combateram os fogos até meados de setembro. Este governo tem tido estas habilidades criativas, não estivesse ao leme o homem do leme, mestre em chico-espertices. Também já premiou os pensionistas com ofertas mensais deste tipo. Governar não é isto. Este modo de operacionalização da governança pública aproxima-se mais de democracias débeis do que de democracias estáveis.

O homem do leme

A metáfora política do homem que está ao leme desta barca, que até nem é uma grande barca, pertence a Cavaco Silva. Não sei se antes de Cavaco já algum político contemporâneo, excetuando talvez Salazar, a tivesse providencialmente exposto. Faz, portanto, mal Luís Montenegro recorrer a este tipo de estratégia comunicacional. É, simplesmente, anacrónico.

Há candidatos e candidatas

A candidata do PSD à Câmara Municipal da Amadora , de seu nome Suzana Garcia , uma voz popular em programas criminais da manhã, salientou que vai erradicar o bairro da Cova da Moura , se for eleita, pois já está a trabalhar com o Ministério das Infraestruturas "há uns três meses". Fiquei naturalmente perplexo pela proatividade da candidata. não sabe se será eleita, mas já tem trabalho feito como presidente da Câmara, radicalmente "pro bono". Tentei identificar o ministro das Infraestruturas e, de imediato, apareceu-me, alterável, o Castro Caldas . Mas não: o ministro das Infraestruturas e Habitação é o Miguel Pinto Luz . Errei, mas foi por pouco, muito pouco.

Chega de incêndios

 O partido Chega deve estar a rezar para que, em outubro, haja uma nova vaga de incêndios . Pela amostra dos nossos autarcas , mesmo aqueles eleitos por partidos menos incendiários, a mão criminosa ou mão incendiária é responsável pela maioria dos fogos florestais. Daí que, para o Chega, os incendiários devam ser equiparados a terroristas. Neste momento, serão poucos os candidatos que discordarão desta orientação.

O Major-General Saramago

 Não é o único, mas um dos mais recentes comentadores militares a abordar as guerras, de seu nome Jorge Saramago (mais um Major-General), não foge a uma narrativa que, após três anos e meio do início da guerra Ucrânia-Rússia , já não fica nada bem a militares continuarem a defender. O major general Saramago entrou na vida do comentariado na expetativa, a tatear, provavelmente, uma posição vantajosa, que não causasse muitos atritos. Mas depressa tomou posição: o homem é mais um que debita barbaridades: a Rússia avança muito pouco, a Rússia tem um nível de mortos elevado, a Rússia é o diabo... Estou em crer que seria altura de uma maior razoabilidade destas pessoas, principalmente aqueles que ostentam qualificativos militares.

O ministro dos fogos

Castro Almeida já nos habituou a boas tiradas humorísticas. Foi o caso, por exemplo, de mandar os motoristas dos carros oficiais tirar gasolina dos depósitos dos automóveis para ceder aos hospitais. Agora, com os fogos, a tirada não é humorística, mas lastimável. Manuel Castro Almeida, com a sua criatividade, optou por negociar, em direto para as televisões, o apóio financeiro de um industrial do ramo automóvel, que viu a sua empresa destruída pelos fogos.

A cimeira, reunião, encontro, ou seja lá o que aquilo foi

Não!, não estou a falar da reunião do Alasca entre Putin e Trump . Aí tudo se passou com uma naturalidade razoável: dois líderes encontram-se, com planeamento e com assuntos pendentes a discutir. Em Washington , com Zelensky à cabeça (ou a cabeça teria sido Macron , ou Starmer, ou Merz, ou a sorridente Úrsula?!...) houve uma reunião que, a certo momento, foi interrompida pelo anfitrião para falar com Vladimir Putin , que estava em Moscovo . A conversa durou 40 minutos e, durante 40 minutos, Zelensky, Macron, Starmer, Merz, Meloni , Úrsula e Rutte esperaram, presumivelmente sentados, que o telefonema acabasse. E o telefonema acabou e a reunião rapidamente chegou ao fim. Putin parece que aceita encontrar-se com Zelensky e, depois, também se poderá juntar Trump. Assim são as reuniões produtivas desta gente. Ah! Está agendada mais uma reunião da coligação das vontades (belíssima adjetivação, à Marvel ) para debater (Macron, Starmer, Merz, Meloni e os inevitáveis convidados Ru...

Futebol português

Estou a ver o jogo Santa Clara - Moreirense em diferido, enquanto almoço. Conto os espetadores no estádio: 1, 2, 3, 4, 5, ... 250... 800. Não sei se há quem pense que, num campeonato principal de futebol, é normal este panorama, digno de campeonatos regionais de juvenis.Também não entendo por que razão esta arquitetura futebolística teima em permanecer, como se tratasse de uma inevitabilidade lamentável e vergonhosa. Não há vontade nem coragem política para alterar o que está mal cimentado.

A(s) besta(s)

  A besta é o carro no qual o presidente dos E. U. A. costuma deslocar-se. Aquando do funeral da rainha de Inglaterra , os ingleses queriam juntar todos os líderes presentes num autocarro, em cortejo. A resposta da equipa responsável pela segurança do presidente americano foi deliciosa: o presidente dos " United States " não anda de autocarro. É verdade: anda no " Air Force One " ou na " Besta ". Trump deu boleia a Putin na sua viatura, para desagrado do " ocidente alargado " (ainda não sei o que isso significa). Pode ser que me engane, mas ainda vamos ver, não tardará muito, Zelensky ao lado de Trump na "Besta" ou, quem sabe, no próprio "Air Force One". E assim a guerra resolver-se-á e Trump será o próximo prémio Nobel da Paz . Intatilidades à parte (não: infantilidades presentes), o nosso mundo está mesmo assim.

As superpotências

Pois é, apesar e depois de todos os malabarismos hermenêuticos dos inefáveis e sempre listos comentadores, "at the end of the day", parece-me avisado sublinhar que quando as reuniões são entre duas superpotências, é errado minimizar ou secundárizar uma delas. A Europa nunca entendeu isto: a Rússia fala horizontalmente com os E. U. A. A par da Rússia, só um outro país o consegue fazer. Exato: a China . Há quem não goste. Há quem preferisse continuarmos com os escombros da implosão da União Soviética . Aliás, um dos motivos decisivos para esta guerra encomendada entre a Rússia e a Ucrânia (entre os E. U. A. de Biden e a Rússia) era precisamente o enfraquecimento da poderosa Rússia, num eventual desmembramento daquele vasto território. Não perceberam, estes arautos, que o que aconteceu pós-União Soviética muito dificilmente aconteceria de novo: Putin sabe que a força da Rússia vem também da imensidão do país - provavelmente, a Rússia é o único país autossustentáve...

A espuma de Marcelo para apagar fogos

  Marcelo Rebelo de Sousa já não tem muito acrescentar à espuma dos seus dias. Mas tem de falar. Mesmo para quem não percebe nada de incêndios, como eu, e que não acredita nas teses que defendem mãos criminosas na maioria dos incêndios, vir defender a coordenação (no terreno) e trabalho espetaculares (de toda a gente, portanto) parece-me manifestamente exagerado. Marcelo continua a ser Marcelo. E pela amostra do que aí vem, ainda vamos ter saudades do homem.

A cimeira

  No Alasca, na próxima sexta-feira, Trump e Putin reunir-se-ão para mais uma extraordinária cimeira entre estes dois blocos. Dizem que vão tratar de uma resolução para o conflito entre a Rússia a Ucrânia. Penso que este será uma dos temas a desenvolver no encontro. As várias vozes da União Europeia têm-se levantado criticamente, pois não aceitam que a Ucrânia não esteja representada ao mais alto nível através do presidente Volodomir Zelensky. Não têm razão. Os Estados Unidos da América e a Rússia falam entre iguais: são duas superpotências que são obrigadas a respeitarem-se. Daí que a Ucrânia não seja tema único neste encontro. Por outro lado, a Ucrânia não foi nunca verdadeiramente ouvida com Biden. Este, com o aval do Boris Johnson, iniciaram (continuaram) o conflito, entusiasmando Zelensky a não aceitar o acordo de Istambul, que preconizava um acordo de paz entre os dois países. Depois, foi o que se viu, com a Ucrânia sempre à boleia dos entusiasmados líderes europeus e norte-a...

Salvar a Europa outra vez

  Segundo apareceu noticiado, J. D. Vance afirmou que os Estados Unidos , através do seu presidente, irá salvar a Europa outra vez. Esta afirmação, carregada de retórica trumpista , pode, tristemente, ser bem adequada à realidade. Com estes líderes da União Europeia mais Reino Unido obsessivamente vinculados a mediáticas reuniões, telemáticas e físicas, a Europa precisa, desgraçadamente, de ser salva. E quem é a natural mão salvífica da Europa? Os Estados Unidos, claro. E, com Donald Trump , se pagarem bem...

Ciclismo

 Já aqui referi o problema: para quando é que a UCI  consegue travar, através de regras de segurança apropriadas, a perigosidade que são as competições velocipédicas?

O regresso do futebol

A terceira guerra mundial começou, mas isso é um assunto que desenvolvermos mais terde, ao longo deste telejornal. O futebol regressou (nunca sai, na verdade) às nossas monótonas vidas.

O candidato presidencial

 Decididamente, já não se fazem candidatos presidenciais como antigamente. Agora, os candidatos presidenciais são escolhidos pelos partidos. É o caso do Chega que, perante o veto de Marcelo e do Tribunal Constitucional à lei dos estrangeiros, decidiu que não podia deixar de apresentar um candidato a presidente da República. Assim, o PSD tem um; o PCP tem outro; O Chega concorrerá igualmente com um sacrificado; o ADN tem a Joana Amaral Dias ; o PS tem muitos e não tem nenhum. Fico confuso: em que partido votar em Janeiro?

Diplomacia

 A diplomacia trabalha muito longe dos holofotes. Um bom trabalho no âmbito diplomático é aquele em que as partes não se fazem ouvir, trabalhando longe dos holofotes. Olho, por exemplo, para o conflito que opõe a Rússia à Ucrânia e o que vejo é confrangedor. Parece uma antevisão de um qualquer jogo de futebol, em que os treinadores, nas conferências de imprensa que antecedem o jogo, tentam, através de discursos mais ou menos acutilantes, desestabilizar o adversário. As televisões adoram; os comentadores interpretam abundante e criativamente. Todo este panorama emerge de um denominador comum: a falta de qualidade dos líderes. Para mim, é uma evidência. O importante é, muitas vezes, esganiçarem-se. Não sei se saberão que existe sempre o risco de uma afonia.

Comentadores

  O ziguezaguiante comentariado português das guerras mereceria, ele próprio, uma boa análise retrospetiva. A próxima cimeira Rússia - Estados Unidos é um bom exemplo das intermitências comentaristas. É uma espécie de loja chinesa: encontra-se lá de tudo.

Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu

 Putin é um criminoso, Putin é um ditador, Putin é um Adolfo travestido, pior que Estaline, Putin quer aniquilar o povo ucraniano, Putin quer reconstituir o império soviético, Putin não se ficará pela Ucrânia, alcançará  Lisboa , se o deixarmos, a Rússia é um estado pária ; Netanyahu foi eleito democraticamente, Israel é, portanto, uma democracia , Netanyahu é, consequentemente, um democrata, Israel, como democracia que é, respeita os  direitos humanos , Netanyahu respondeu a um ataque terrorista do Hamas, Israel tem o mundo democrático, ocidental e civilizado com ele. Esta é a narrativa, tem sido a narrativa ao longo destes últimos anos.

Volta a Portugal

Percebe-se facilmente, ao seguir a 86.ª Volta a Portugal em bicicleta, por que razão é uma corrida cotada numa 3.ª ou 4.ª categoria a nível internacional. Bastaria, para isso, olharmos para a forma displicente como a organização estrutura a segurança da prova: carros estacionados de qualquer maneira, pinos das estradas que não são retirados, ruas das localidades sem qualquer proteção para os ciclistas, " bandas sonoras " retiradas parcialmente, abuso dos paralelepípedos , etc. Do mesmo modo, não se vislumbra, por parte da já estafada organização da prova, capacidade para grandes alterações relativamente aos não menos estafados troços de estrada. O país real tem troços de estrada verdadeiramente impressionantes que poderiam substituir alguns percursos já demasiado previsíveis. Os agradecimentos ao Joaquim Gomes , responsável máximo pela Volta a Portugal nos últimos extensivos anos, são devidos. A partir daí, deve-se proceder a uma renovação e esta só passa pela substituição...

Lula da Silva

 Lula da Silva faz mal em esboçar acusações contra os filhos de Bolsonaro, acusando-os de crime à traição à pátria e que deveriam ser julgados por isso. Com este tipo de verborreia, aproxima-se de Bolsonaro e Lula da Silva não tem nada a ver com o ditadorzeco Bolsonaro.

União Europeia e a guerra da Ucrãnia

  Não sei se a guerra na Ucrânia caminha para um fim. Tudo indica que sim, que Trump , na sua (legítima, porque não!) ânsia de engavetar o prémio Nobel da Paz tudo irá fazer para que a sua voz consiga alcançar os ecos desejados perante Vladimir Putin . Mas sei que a União Europeia não teve arte nem engenho para se posicionar no lugar que lhe competia, ou seja, o espaço da diplomacia , da paz . Optou pelo oposto: uma linguagem excessivamente bélica , excessivamente russófoba , que, de sanção em sanção, se autoagrilhoou nos seus propósitos punitivos. Não conseguiu, portanto, sair desse redil. As vozes dissonantes eram logo acusadas de russófilas , amigas de Putin. É o caso, por exemplo, de Viktor Orbán , primeiro-ministro húngaro. Pode-se não gostar da personagem e as razões para isso existem, mas o histórico de Orbán neste assunto foi, de longe, comparativamente aos seus homólogos, o mais harmonioso e, por isso, o mais consentâneo com o resultado final que se vai exalar na " con...

A Ucrânia e o ego de Trump

Sempre me pareceu previsível que Donald Trump, ou melhor, o seu ego, gizaria os mais adequados contornos político-diplomaticos para pôr um ponto final na guerra que opõe a Rússia e a Ucrânia. O homem quer o prémio Nobel da Paz e isso é razão suficiente para colocar tudo e todos nas suas ampliadas costas. Sejamos justos: com ego ou sem ego, o importante é o fim da guerra, isto é, acabar com centenas de jovens diariamente mortos. E só isso é merecedor de qualquer prémio da paz.

As amamentadeiras

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário da Palma Ramalho, lembrou-se de trazer para a ribalta da discussão política, com o natural aval do conselho de ministros, um pouco das alienações do governo que afirmou, um dia, que queria ir mais além do que a troika. Esse governo, liderado por Passos Coelho e aplaudido ferreamente por Luís Montenegro, para além das inelutáveis pretensões moralistas, pretendia também castigar, exemplarmente, todos os que abusavam dos benefícios sociais do estado português. Naturalmente, os principais alvos dos benefícios sociais caíram, praticamente na totalidade, nas classes sociais mais degradadas, incluindo aqui grande parte da classe média. Descobriu agora a extraordinária ministra Maria do Rosário que as mães deste país são, regra geral, umas estupendas mentirosas amamentadeiras, que prolongam essa capacidade de aleitamento até à escola primária. Eu não sabia e presumo que a ministra também o não sabe. Quis, si...

Especialistas

  Não é, de facto, por falta de especialistas que o país não avança como deveria avançar. Com as guerras, apareceram os das guerras; com os fogos, apareceram os dos incêndios. Muitos destes últimos, dão também uma perninha nos temas da guerra. Há também os especialistas em futebol que, por sinal, são também especialistas a comentar política, seja ela nacional ou internacional. Os especialistas que se sentem à-vontade a comentar o que lhes aparece à frente também existem e os especialistas que afirmam que não são especialistas no que estão a comentar também andam por aí. Presumo que estes últimos serão os mais honestos. As televisões ainda não haviam descoberto este filão. Origem deste fenómeno: o futebol, claro.

Os submarinos de Trump e a Rússia

  Donald Trump não esteve com meias medidas na resposta a Dmitri Medvedev: ordenou que dois submarinos nucleares se posicionassem em locais estratégicos. Para quê? Presumo que a resposta seja clara: os Estados Unidos podem atingir nuclear e rapidamente Moscovo a partir desses dois submarinos. Ora é precisamente esta uma das premissas que Putin sempre evocou para justificar a sua operação militar especial, isto é, a Rússia não aceita bases militares com poderio necear que possam, em duas ou três horas (ou menos), atingir dramaticamente a capital do país (ou outra grande cidade). Trump, com esta decisão, vem, no fundo, asseverar que Vladimir Putin estará certo, neste ponto. Já aqui sublinhei: o pensamento militar das grandes potências não é profundamente divergente: a cartilha é, mais ou menos, a mesma.

Os militares comentadores

As guerras em curso trouxeram ao conhecimento público uma nova espécie de estrelas televisivas: os militares.Trouxeram, igualmente, outra evidência: a da pobreza intelectual analítica de uma grande parte desses oficiais na reforma. É caso para dizer, ainda bem que já estão na reforma.

Gaza

A diferença entre Gaza e Ucrânia, nos comentários televisivos, é basicamente uma: as opiniões divergentes e minoritárias não são achincalhadas quando o tema é Gaza, por muito que custe ouvir a defesa vergonhosa de Israel.

O nosso Elon

Gonçalo Matias assumiu o cargo de Ministro Adjunto e da Reforma do Estado com o difícil escopo de proceder a uma simplificação dos processos burocráticos do Estado, rumo a uma desejada simplificação e celeridade administrativa. Espero, obviamente, que tenha sucesso nos seus intuitos. Mas também desejo que todas estas reformas não signifiquem, à Elon Musk, um emagrecimento austero da "máquina" estatal para que, no fim, possa dizer, orgulhoso, que diminuímos drasticamente o número de funcionários públicos e, com isso, o país poupou com encargos salariais. E que tudo fique por este anúncio.

IP3

Evito, ao máximo que posso, a estrada IP3. A expressão vergonha alheia adapta-se muito bem ao que eu sinto quando por lá passo. Quantos milhares de milhões de euros já se gastaram em tudo e mais alguma coisa neste país e uma estrada como a IP3 contínua a laborar vergonhosamente. Gostaria que, um dia, se fizesse a contabilidade tenebrosa das mortes evitáveis, direta e indiretamente, nesse troço que liga Viseu a Coimbra.

Palestina: a voz de Portugal

Quando se fala no valor da palavra, por exemplo, no caso da nossa presidência da república, o mesmo se pode aplicar aos países, alguns países, principalmente aqueles que, no panorama internacional, pouco mais resta do que a força das ideias, que se exterioriza pela força das palavras. Portugal podia ser um pais diferente, com visibilidade internacional. Optamos sempre pelo sentido contrário, como se andássemos permanentemente em contramão: regozijamo-nos pelas conquistas individuais internacionais (Guterres, Costa, Barroso, Ronaldo...), mas pouco pelas coletivas.  A este propósito, qual é a posição de Portugal sobre o reconhecimento do estado da Palestina? É esperar... Pelos outros.

Trump

Não consigo vislumbrar postura mais cínica do que ouvir Trump falar preocupadamente dos mortos em Kiev. E o pior é que, direta ou indiretamente, é secundado pelos países amigos, que, parece, somos todos nós.

O acordo comercial entre a UE e os EUA

Está União Europeia é esquisita. Úrsula vai a Washington, faz um acordo comercial que é criticado por alguns responsáveis nacionais, elogiados por outros. Não sabia que Úrsula Von der Leyen tinha luz verde para, em nome da União Europeia, negociar acordos comerciais que impliquem, diretamente, as economias dos respetivos países. À parte disto, parece mesmo que Trump é um belíssimo presidente para uma empresa chamada EUA.

A Alemanha e Israel

A Alemanha afirmou que ainda não é tempo de reconhecer o estado palestino. Também não vê nem aceita a atuação de Israel em Gaza como criminoso, genocida. Qual Alemanha? A do Terceiro Reich? Não, a Alemanha atual que já decidiu apostar em força nas suas forças armadas.

Os velhos em Portugal

Vale a pena ler este artigo de Bernardo Mendonça no Expresso para nós arrepiarmos sobre o modo como os velhotes são tratados nos lares em Portugal. Paradoxalmente, o país carece de um tratamento condigno aos mais idosos e aos recém nascidos.

Estado da Palestina

Aos poucos, os países europeus perdem a vergonha e vão reconhecendo o Estado da Palestina. Está a ser a vez da França. Portugal, que podia e devia ser uma voz pioneira, não tem, desgraçadamente, ímpeto para tão dignificantes voos. Faltam vozes. Que pena.