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A mostrar mensagens de março, 2025

(PPD)PSD+(CDS)CDS-PP+PPM=AD

  A luta do PSD e CDS para deixar de fora o PPM permanecendo, no entanto, com a sigla AD foi chumbada pelo Tribunal Constitucional. Se quiserem continuar coligados, estes dois partidos terão de alterar a sigla, pois o PPM faz parte dela. O mais curioso, a meu ver, diz respeito ao CDS, o qual, com sabemos, está representado no parlamento não por mérito próprio, mas por estar coligado com o PSD. O CDS, com a sua enorme força política, não quer a companhia de pequenos partidos na coligação. Um dia, o PSD acorda e verifica que o CDS afinal, só lhe traz problemas, convidando, quem sabe, a Iniciativa Liberal para ocupar o lugar deixado vago pelo CDS-PP. E será nesse dia que o partido fundado por Freitas do Amaral se tornará próximo do PPM, quanto mais não seja pela inexistência representativa. Talvez os Nunos Melos que por lá pululam se lembrem então que não basta andarem encostados para existir.

Riem-se do quê?

 Rir faz bem à saúde. É bom para combater o stress, aumenta o oxigénio no sangue, melhora a saúde cardíaca e a imunidade e também fortalece os laços sociais. Nesta pesquisa que fiz sobre os benefícios do riso parei neste último ponto para perceber por que razão é que se riem os senhores que decidem a continuação da guerra. Os laços sociais são, realmente, importantes.

Regras políticas

 O PSD anda em roda livre, tapando os ouvidos e olhos para as regras que devem orientar um governo em gestão. Olhando para os ministros, parece que nada se passou e que o  governo não caiu na Assembleia da República. Proclamam-se obras faraónicas (Lisboa, claro), Aguiar Branco anda pela Ucrânia a dizer banalidades, Montenegro tem uma linguagem pouco séria para tratar de assuntos demasiados sérios (brincando com a sua própria idoneidade para o cargo que ocupa)... Não sei se será estratégia ou confiança a mais, mas sei que é precisamente nestas ocasiões que todos nós nos revelamos.

Kit de emergência para sobreviver 72 horas a ataques russos

Eu já comprei meia dúzia - sai mais barato. São alemães, são bons. E têm o carimbo da União Europeia. São, especialmente, anti-russos. Os "made in China" também andam já por ai. Aquelas senhoras que pastoreiam a governança europeia também já os adquiram. Parece que só falta o António Costa. (Resisti à tentação de colocar aqui um meme... Conjugava bem).

O cabeça de lista que não tem condições para ser secretário de estado, segundo o primeiro-ministro

Hernâni Dias é o cabeça de lista por Bragança. Hernâni Dias demitiu-se de secretário de estado por incompatibilidades éticas. O primeiro-ministro aceitou e aplaudiu o pedido de demissão de Hernáni Dias. Hernâni Dias foi escolhido pelo primeiro-ministro para encabeçar a lista de deputados pelo distrito de Bragança. Confusão?!... É mais um episódio de coerência da boa tradição política portuguesa.

Os portugueses podem estar tranquilos

Montenegro deu entrada no hospital por se ter sentido mal. Custa-me dizer isso porque com estas coisas o melhor é respeitar. No entanto, não posso deixar de referir que este pequeno problema de saúde, passageiro, está a ser empolgado. E o primeiro a fazê-lo foi o próprio: "os portugueses podem estar sossegados". Não é assim quer se comunica um problema deste tipo. Não perde a hipótese de uma habilidadezinha.

Ajuda militar: para quê?

Gostaria que alguém me explicasse ou então que algum jornalista questionasse os líderes europeus sobre o seguinte: para quê a ajuda militar à Ucrânia? Qual o objetivo? A Ucrânia pode ganhar a guerra? As ajudas militares têm uma lógica própria: vencer a guerra do ponto de vista militar. Caso contrário, é simplesmente dinheiro deitado fora. Alguém no seu perfeito juízo pensa que a Ucrânia vai expulsar a Rússia do território conquistado? Ou então alguém pensa, no seu perfeito juízo, que a Rússia vai ser vencida por desgaste prolongado no tempo? Ou então alguém ainda pensa, no seu perfeito juízo, que a economia russa vai colapsar ao ponto de acenar com a bandeirinha branca?

As coligações dos dispostos

  Vale a pena olhar para a coreografia das cimeiras europeias sobre a ajuda à Ucrânia, "as long as it takes". Ora vemos os sorrisos bem-dispostos de todos, sem exceção (riem-se de quê?!...), ora as palmadinhas nas costas do anfitrião, que varia entre Macron e Starmer, sendo o primeiro mais explosivo, ora o aperto de mão à Marcelo por parte de António Costa (chama-se a isto aprendizagem por observação e imitação), ora Montenegro a tentar ser como os outros (e consegue, sem grandes dificuldades), ora todos a sentirem-se na obrigação de acarinhar Zelensky ("as long as it takes"). É, assim, neste teatro dos sonhos, que vivemos. Qualquer dia ainda veremos os EUA e a Rússia aliarem-se para combater a terrível e auspiciosa Europa.

Montenegro não vai aos debates

Pode Luís Montenegro dizer que sim, que vai aos debates agendados nas televisões, mas a verdade é que não vai. Ir aos debates é ir a todos, como fazem os restantes líderes partidários. Não é mandar alguém de segunda linha, para certos debates escolhidos a dedo, que se assume a discussão democrática em televisão. As chico-espertices continuam.

Reação devastadora

É interessante verificar como este léxico de guerra amarrou nas cabecinhas desta gente. Até agora, só as verdadeiras grandes potências militares se permitiam falar assim. Habituamo-nos a ouvir os vários presidentes dos EUA, os presidentes da Rússia e da China a falar em inferno, morto ou vivo, em arrasar, e outras virtudes lexicais similares. Mas agora é o próprio Mark Rutte, secretário-geral da NATO, no seguimento da linha orientadora da UE (por onde andas, António Costa!...), em que a alemã Ursula Gertrud von der Leyen é uma digna representante, a abordar a coisa nos seguintes modos: "A nossa reação será devastadora", recebendo o aplauso imediato de Donald Tusk, primeiro-ministro da democratíssima Polónia. A reação devastadora enfatizada por Rutte será para com a Federação Russa, numa guerra, aparentemente, já declarada. Afinal, não vamos todos adquirir um kit de sobrevivência não sei para quantos dias, segundo a comissária-mor da UE? Alguém poderia explicar a esta gente qu...

Luís Montenegro e as agências de comunicação no Goucha

 Eu sei que as agências de comunicação adquiriram, nos últimos anos, uma preponderância inaudita praticamente em todo o espetro político, da direita à esquerda, dos partidos que são arco governativo e os que o não são. Parece que é um sinal dos tempos e os "especialistas" dessa "poda" agradecem. No entanto, por vezes, estes senhores que orientam os ministros na imagem exteriorizada excedem-se nos propósitos. Foi o caso, ontem , do primeiro-ministro no programa chamado "Goucha", do muito capaz Manuel Luís Goucha. Ver Montenegro a esbracejar, a gritar, ofendido na honra passada e futura, a afirmar o quanto a família saiu afetada e que "não sei se já disse isto em público"... ultrapassou o próprio ridículo. Provavelmente, as senhoras telespectadoras, decerto maioritárias no visionamento do programa, gostaram de ver um senhor primeiro-ministro ofendidíssimo na sua honra de homem honrado (ou honradíssimo), mas, convenhamos, Luís Montenegro, neste camp...

Entrevista ao Paulo Raimundo

A entrevista ao líder do PCP feita pelo jornalista que pisca o olho quando se despede dos telespetadores, de seu nome José Rodrigues dos Santos, é mais um sinal do descalabro que o nosso jornalismo atingiu. O entrevistador não se preocupou sequer com a matéria primeira das eleições, que é (costuma ser, pelo menos) a vida dos portugueses, em concreto e em abstrato. Preferiu bombardear Paulo Raimundo com a guerra entre a Ucrânia e a Rússia.  A entidade que tem como iniciais ERC não existe e quem está lá não tem, simplesmente, vergonha alguma. Eu sinto, mas é alheia. E não costumo votar PCP, como alguns comentadores tentam iludir quando se referem a este lamentável episódio: simpatizantes do PCP indignados.

Miséria

 Luís Montenegro não quer ver os cartazes do Chega onde surge ao lado de José Sócrates. Daí que pediu ao Tribunal Judicial de Lisboa que ordene ao partido de André Ventura a retirada dos mesmos, num prazo de cinco dias. Montenegro não quer, assim, ser associado a José Sócrates, arguido no processo Marquês e acusado de vários crimes. O antigo primeiro-ministro vive um verdadeiro imbróglio jurídico, em que as mentes mais, digamos, extremadas defendem que o seu objetivo é adiar, adiar, adiar... até à prescrição. Faz-me lembrar o que se passa com a Guerra da Ucrânia: só interessam os argumentos do lado com o qual mais simpatizamos, ou com o qual a maioria simpatiza e que convém nós também simpatizarmos. Daí que, por qualquer tipo de reação pavloviana, fechamos os olhos e os ouvidos ao outro, que passa de imediato a uma categoria próxima do bizarro e a carregar uma qualquer suspeição. Montenegro não quer, portanto, ser associado aos alegados crimes de José Sócrates, mas não se importa d...

Madeira: eleições nacionais

O fio condutor jornalístico, para as próximas semanas, quiçá mês e meio, está encontrado: qual o impacto que os resultados das eleições na Madeira terão nas eleições para o governo da República. Não vale a pena perder um minuto a pensar no impacto nulo de outras eleições regionais, madeirenses ou açorianas, nestas décadas de democracia. As palas estão já postas e é só olhar para a frente. Nada mais interesse enquanto esta narrativa não estiver bem esprimida.

Marcelo na flash

Não ouvi: vi! E vi o nosso Presidente da República a comentar o jogo de futebol entre Portugal e a Dinamarca. E digo comentar porque as notas de rodapé que apareciam no ecrã da televisão mostravam a copiosa análise futebolística do senhor Presidente. Marcelo Rebelo de Sousa já nos habituou a este entretenimento e ninguém praticamente estranha. Com a continuação do investimento neste tipo de atitudes, Marcelo facilita muito a vitória do Almirante Gouveia e Melo.

Crise política e cansaço

Há duas expressões assimiladas pela nossa comunicação social e, por arrasto, pelos partidos políticos com as quais eu não concordo, mesmo que as sondagens obriguem, de certo modo, os respondentes a alinharem-nas nos seus pensamentos: cansaço e crise política. Em primeiro lugar, as pessoas não estão cansadas. Votar não é uma tarefa cansativa. Pelo contrário, votar significa perceber ou tentar perceber. Na Madeira, apesar do apregoado cansaço das pessoas, a abstenção diminuiu consideravelmente. Por conseguinte, com este nível de votação, não se pode falar de crise política.

A dupla imbatível

  Há pouco, ouvi na CNN Portugal a jornalista apresentar dois comentadores residentes que iriam abordar os inevitáveis Zelenski, Putin e Trump. Nada de novo, nada de original, a mesma inocuidade. O interessante foi o modo como a senhora jornalista os apresentou: nada amais, nada menos que "A dupla imbatível". E lá apareceu a dupla imbatível, num imbróglio jornalístico miscelanizado na dúbia austeridade do Major General e a simpatia forçada da senhora comentadora. A dupla imbatível a comentar a guerra.

À Alemanha

Parece que entendi: em paralelo com a aposta conjunta da União Europeia em defesa (ou projetos de defesa, pois parece-me que os projetos já estão espantosamente elaborados), a Alemanha vai investir, durante um período considerável de tempo (12 anos), quantias fabulosas na sua indústria de defesa. Obviamente, a Alemanha não pode ficar atrás dos outros países. A outra Europa, agora tão estruturalmente precavida, vive bem com estas aspirações. Um dia, com os paióis a abarrotar, acordaremos com um Adolfo da AFD na chancelaria. Será talvez nesse dia que negociaremos com o terrível Adamastor que vive perto de nós e que, uma dia, nos idos de quarenta do século passado, ajudou a salvar esta bela Europa da barbárie nazi.

A Europa, a União Europeia

 No decurso do após a Segunda Guerra Mundial, o papel da Europa no mundo, enquanto bloco em construção, sempre foi pautado pela aposta no diálogo e na diplomacia.  A União Europeia é, neste pressuposto, o exemplo acabado dessa aposta: um espaço de diálogo entre as nações, uma espécie de nações unidas europeia, alargando o seu campo de ação para a união e o desenvolvimento económicos. A mensagem belicista estava, geralmente, a cargo de outros, bem mais capazes neste campo. Este panorama foi possível durar porque existiam pessoas com verdadeiras competências de liderança política, onde o primado estava sempre na dignidade do ser humano, em que a guerra, enquanto aposta na resolução de conflitos, só seria equacionada quando se esgotassem, radicalmente, todas as hipóteses diplomáticas. Não é isso que acontece nos nossos dias. De repente, acordamos e vemos a Europa e a União Europeia a cortarem os canais diplomáticos com a Rússia, país com o qual teremos de estar sempre ligados, po...

Duas (demagógicas) perguntas

Há duas questões que se deveriam formular, mesmo que tenham um grau de demagogia elevado. A resposta teria de ser obrigatória: 1- Se tivéssemos de ser bombardeados, preferiríamos sê-lo pela Rússia ou por Israel (não vale "por nenhum")?; 2- Se perguntássemos a Trump, Biden, Obama, Bush e Clinton sobre o que fariam, enquanto presidentes dos EUA, se a Rússia ou a China implantassem uma base militar, com capacidade nuclear, no México, no Canadá ou até mesmo na Venezuela? Por vezes, estes exercícios simples e com alguma demagogia são úteis para nos enquadrarmos, com mais propriedade, no que realmente se passa à nossa volta e (tentar) perceber o "modus operandi" destes países que, quer queiramos quer não queiramos, não são iguais aos outros, para o bem e para o mal.

Os futebóis em Portugal

 Tenho uma teoria que penso ser academicamente sustentável. Para entender aprofundadamente o país, nas variáveis sociocultural, mental, territorial... nada melhor do que entender o nosso panorama futebolístico. Este tem, de facto, um verdadeiro sentido interpretativo espelhar. Está lá tudo: o atraso, o provincianismo, as desigualdades geográfica e económica regionais, as iliteracias, a irreflexão, a ausência de uma visão  para o futuro, a crítica desconstrutiva e inócua (um exemplo: criticamos a estrutura da Liga dos Campeões quando fazemos pior na Liga Portuguesa), a cobardia, o respeitinho salazarento, a prepotência (também de outro tempo), a comunicação social, a instrução, o conservadorismo anacrónico, a civilidade. A fotografia que acompanha este post é do vice-presidente do Rio Ave, um clube que joga no principal campeonato português, com orçamentos, presumo, de milhões de euros. O clube, aparentemente, não terá qualquer cláusula, nas suas leis internas, que proíba manif...

Ucrânia: a paz negociada

 Se acaso houvesse dúvidas sobre o absoluto disparate desta guerra por procuração entre os EUA de Biden, o Reino Unido de Boris Johnson e, por arrasto, a União Europeia, ficaram hoje desfeitas com a negociação entre Trump e Putin, com Zelenski a perorar, do lado de fora, por um telefonema e por uma conversa com Donald Trump.

Israel: o que falta?

 Soubemos hoje que Israel lançou um ataque à faixa de Gaza com consequências humanas devastadoras: mais de 400 mortos. Porquê? Para quê?, são as perguntas que se opõe fazer, em sede das Nações Unidas. Convém sublinhar o seguinte: a Rússia, em comparação com Israel no que toca "às leis da guerra", pode servir de modelo.

Jornalismo: grau zero

Será muito difícil aos jornalistas da nossa praça manterem uma postura profissional isenta, imparcial? Eu compreendo que, por vezes, os jornalistas, na condução de entrevistas têm, por vezes, de acautelar a tentativa do entrevistado ou dos convidados de nos fazer passar por parvos. No entanto, ultrapassam, demasiadas vezes, o que a deontologia profissional obriga, e que passa por uma postura, na condução do programa/entrevista, imparcial.  Dois exemplos: Sócrates, para estes jornalistas, não tem razão no que defende e quer, simplesmente, não ir a julgamento. Por isso, deve ser alvo de chacota pública, que eles próprios impulsionam. No mesmo sentido, os argumentos apresentados pela Federação Russa não merecem sequer ser motivo de análise e ai de quem, nas televisões, tenta fazê-lo: é, muitas vezes, ridicularizado. Pelo contrário, a outra parte da contenda, os que sempre tiveram uma postura pró -ucraniana, não merecem qualquer oscilação argumentativa. Falta, sem qualquer ...

A guerra diplomática

O "lapsus linguae" de Trump à espera de Putin para dividir algum território ocupado pela Rússia vem ao encontro que esta guerra, afinal, foi travada pelos EUA e pela Rússia. No fim, perdem os ucranianos. Os vencedores costumam dividir os despojos de guerra.

A guerra e a paz

 Não me parece muito apropriado uma das partes - o tal ocidente mais ou menos alargado - andar sistematicamente a insultar Putin, apelidando-o de mentiroso e pouco fiável, entre outros piropos. Estes senhores têm de se decidir: ou querem que a guerra pare, ou querem que a guerra continue. A equação é, pois, muito simples. Não podem é andar a remastigar simplicidades argumentativas, como se andassem constantemente em campanha eleitoral. Provavelmente, é precisamente disso que se trata: para estas mentes, o momento é sempre folclore eleitoral. Desgraçadamente, continuam a morrer pessoas lá naqueles campos da Ucrânia. Mas isso o que importa, quando outros valores mais altos se alevantam.

Educação

Ao longo de décadas, a educação tem sido alvo de variadíssimas reformas e contrarreformas. No entanto, o pior dos males neste setor foi o não ter havido, por parte dos diversos governantes, uma visão política estrutural.  O exemplo que aqui quero deixar diz respeito à colocação de professores. Neste momento, a torneira parece estar aberta para a entrada de professores no quadro. Eu pensava que esse tempo jamais voltaria e o que estamos a ver, novamente, é a entrada nos quadros do Ministério da Educação pessoas sem qualquer apetėncia pedagógica, isto é, indivíduos que são aceites pela tutela simplesmente para encher as  vagas que faltam. Já passamos por isso e seria bom que a história não se repetisse, mesmo que seja com contornos ligeiramente diferentes.

A conjuntura da Europa

A União Europeia, de repente, alargou-se ao Reino Unido na corrida a liderança da Europa. Esta corrida entre Macron e Starmer, nas suas ânsias de protagonismo e vaidade, faz-me lembrar aquilo que se costuma dizer dos campeonatos europeus de futebol: no fim, ganha a Alemanha. E é esta vitória da Alemanha que, a meu ver, se pode tornar, digamos, menos conveniente.

Kursk e outras parcialidades

 Como é possível alguns majores generais da nossa praça, afirmarem que Kursk ainda não está (re)tomada pela Federação Russa e que as notícias que dão conta do contrário é propaganda russa, "que já estamos habituados"? Como é possível a comunicação social não dar o mesmo foco noticioso aos abusos dos soldados ucranianos no território russo? Como é possível tanta incompetência política e diplomática, sobretudo da União Europeia?

CPI

Começa-se a banalizar a ideia da banalização das Comissões Parlamentares de Inquérito. Ora, na eventualidade dessa banalização existir (não estou certo) a razão reside exclusivamente num lado: a falta de clareza dos políticos (convém sublinhar: destes políticos). Se acaso estes políticos não fossem sistematicamente lacónicos nas suas respostas, às quais são obrigados a responder, não haveria necessidade de comissões parlamentares de inquérito. Estas não são mais, no contexto em que vivemos, da assunção de uma acusação de que estes políticos não são capazes de responder com verdade, o que equivale a afirmar que são mentirosos. Deste modo, a Comissão Parlamentar de Inquérito obriga-os a não mentirem, sob pena de incorrerem em verdadeiros delitos criminais, designadamente o crime de desobediência qualificada. Penso que é uma das maneiras (a melhor?) de tratar com os habilidosos que por aí pululam. Daí que convém que a comunicação social em geral não se deixe arrastar pelas ideias iluminad...

Averiguação preventiva ou uma PGR cobardolas

 Dizem que há sempre uma primeira vez para tudo e este novo Procurador-Geral da República foi ao baú desencantar um eventual normativo processual que remete uma investigação para uma averiguação. E, para além de ser uma averiguação, é também preventiva. E, para além de ser preventiva, não é intrusiva. Este Amadeu Guerra sabe bem as malhas que deve tecer. Abusou com a Operação Marquês e, agora, prepara-se para destapar a venda da deusa da justiça.

PSD

O PSD, com estes inócuos estados de alma, assegura a normalidade de uma anormalidade. Assim, para este PSD, é perfeitamente legítimo, do ponto de vista da ética republicana, que um primeiro-ministro passe uma empresa criada por si, com um conhecimento e uma amplitude de ação muito precisas ligados ambos ao próprio, para o respetivo cônjuge, com o qual se encontra casado em comunhão de bens adquirido. Não é este tipo de chico-espertismo, este tipo de habilidades, que a República necessita. O PSD, ao ficar em silêncio, compromete, seriamente, o seu legado social democrata.

A pequena política

O que assistimos hoje no parlamento foi uma sessão de habilidades por parte do governo. Com estes intervenientes, a política não passa, afinal, de uma atividade entre habilidosos. Felizmente, o PS não se deixou enredar nesta baixa política. A proposta do governo de sujeitar uma comissão de inquérito a um prazo de 15 dias é absolutamente deprimente para a arquitetura procedimental que está sujeita a Assembleia da República, designadamente com a "gravitas" inerente a uma moção de confiança. A República ficou aqui, igualmente, muito mal tratada. O problema é que, neste caso, não podemos culpar o Chega.

Demagogia e crise política

O tão estafado argumento da crise política é demagógica e até abrange um certo nível de provincianismo. A Auto Europa acabou de ganhar um concurso para a produção de um novo automóvel do grupo Volkswagen, já com este imbróglio político a decorrer. E ganhou esse concurso ficando à frente de duas fábricas situadas em dois países sem" crises políticas".

A entrevista

A entrevista ao primeiro-ministro Luís Montenegro foi uma canseira. Não elucidou nada e, a meu ver, afundou-se, desnecessariamente, em explicações pormenorizadas, as quais nada ou pouco têm a ver com o que está aqui em causa. E o que está em causa é a sua capacidade ética em continuar como primeiro-ministro, sabendo o que sabemos e, principalmente, sabendo o que queremos saber.

Desconfigurações e paradoxos

 Andamos perdidos nas análises e contra-análises. Todos os dias ouvimos os temerosos comentadores cavalgarem novas narrativas, nem que estas se plasmem numa simples frase dita por alguém com "poder". Num dia, criticamos a falsa legitimação destes senhores (senhoras) que pastoreiam a União Europeia, em Bruxelas, sobre decisões que tomam, as quais são da exclusiva responsabilidade dos parlamentos nacionais, por estarem legitimados pelo voto popular. Outras vezes apoiamos, com as duas mãos bem estendidas, esta mesma falta de legitimação, quando, por exemplo, os decisores europeus nos mandam gastar não sei quanto por cento do PIB em defesa, colocando em causa, naturalmente, sectores orçamentais que influenciam, direta e decididamente, a vida das pessoas, principalmente as que mais necessitam dessa mesmas valências. Daí que a voz dos chamados partidos extremistas seja também importante, visto que os partidos do "arco do poder" parece que se esquecem, muitas vezes, destas...

A lata do PSD

É preciso ter (muita) lata por parte do PSD. Quem foi o responsável pelas eventuais eleições antecipadas? Só uma pessoa: Luís Montenegro, o primeiro-ministro. O que se está a passar, neste momento, é um atestado de menoridade aos eleitores, atestado esse passado pelo PSD. Em campanha eleitoral o que interessa são os "sound bites". E estes estão aí, em toda a força.

União Europeia

Ainda me lembro do tempo em que a Polónia era olhada como uma espécie de Hungria de Órban. Eu sei que já foi há três longos anos e a nossa memória, à medida que os anos vão avançando, já não é o que era. Daí que seja entendível que esta União assuma a Polónia como uma espécie de bastião da liberdade (das liberdades) e que nem pestaneje quando surge, neste país, lembranças de proporcionar (obrigatoriamente?) a cada homem (homem!) adulto treino militar.  E assim anda esta União Europeia.

A guerra (2)

Retomando o post anterior: é factual que houve uma oportunidade de negociação entre a Rússia e a Ucrânia logo em 2022, na Turquia. É factual que Zelenski foi convencido a rejeitar essas mesmas negociações, que levariam a um inevitável acordo, sem grandes prejuízos para ambos os contendores. A aposta da Inglaterra e dos Estados Unidos, sujeitando posteriormente a União Europeia, foi, portanto, uma aposta bélica e de implosão putinista. Ora, essa aposta foi derrotada, como se está a verificar: a Rússia está a ganhar a guerra, militarmente. Neste sentido, não me parece que possa haver uma reviravolta e a Ucrânia possa, agora, iniciar uma reconquista dos territórios anexados pela Federação Russa. O que resta? Continuar a guerra, apoiando a Ucrânia militarmente? Independente das razões, os EUA estão, neste momento, do lado certo, do lado da paz. Por isso, faz-me muita impressão a aposta, do lado da sempre humanista Europa, na continuação da guerra, sabendo que a retórica da paz justa, simpl...

a guerra

De um lado, temos a Rússia; do outro, o ocidente alargado, seja lá o que isso significa.  Há razões válidas de ambos os lados, razões objetivas. Há guerra. Fala-se em paz. Para haver paz tem de haver diplomacia. Um dos lados, o ocidente alargado agora menos alargado, quer a sua paz e não se importa, por isso, de continuar a guerra. Quantos mortos vão ser precisos para que a paz seja uma realidade? Vamos então apoiar a Ucrânia o tempo que for necessário, independente da Rússia estar a ganhar a guerra. São estas pessoas que mandam na Europa, que é o mesmo que dizer, que decidem as nossas vidas.

Alemanha rearmada

Escrevi como título rearmada e não armada porque, em tempos idos, a Alemanha já foi uma potência militar. A história diz-nos que poderio militar e Alemanha não conjugam muito bem. Na minha ignorância ou ingenuidade ou mesmo desejo, pensava que haveria qualquer diretriz, como resultado da Segunda Guerra Mundial, que proibisse o rearmamento da Alemanha. Repito: Alemanha e armas não é um bom caldo. Mas parece que os russos vêm aí. Até já ouvi, no nosso comentariado, que os russos não gostam da notícia desta aposta alemã. E eu que pensava que estava sozinho...

Comentadores

Não entendo por que é que os 'comentatudos" da nossa praça se queixam da quantidade de atos eleitorais que vamos viver nos próximos meses. Vão ter oportunidade de estudar e de se especializarem - ainda mais - nas diversas áreas (especialistas em tudo): eleições (autárquicas, legislativas, presidenciais, regionais), guerras (militar e comercial, entre outras) e alguns ainda fazem uma perninha no sempre empolgante comentário da bola. Muito trabalhinho!

Democracia

Temos de nos decidir: o que é que nós, afinal, queremos: democracia ou autocratismo ou até mesmo ditadura? É que ao optarmos pelo regime democrático estamos, felizmente, sujeitos, a estas "instabilidades'. Coloco instabilidade entre aspas porque não se trata, efetivamente, de instabilidade, mas antes do normal funcionamento do regime democrático. Na verdade, é com estas coisas que nós, eleitores, amadurecemos, ao filtrar o voto de forma mais consistente. O exemplo mais paradigmático diz respeito à maioria absoluta que os eleitores deram a António Costa, quando o próprio não se encontrava com fôlego, como se viu, para essa empreitada, criando um governo demasiado fraco. Do outro lado tinham Rui Rio. Não teria sido melhor opção? Claro que tinha. Mas em democracia são os eleitores que mandam. O que estes precisam é de possuírem mais literacia política.

Eleições e o Chega

 Parece, então, que vai haver eleições. Quer isto dizer que vamos ter, lá para o verão, um parlamento renovado. Também quer dizer que metade daquele grupo parlamentar do Chega vai voltar para as obras, o que é uma boa notícia para a construção civil. Não é que eu tenha qualquer preconceito profissional para com os trabalhadores deste ramo, antes pelo contrário. Penso até que a renovação vai ser benigna para o partido, pois ficará com um grupo parlamentar mais refinado, agora que sabem que os escolhidos para deputados nas listas  podem mesmo ser eleitos.

Moção de censura

Estou a seguir a moção de censura apresentada pelo PCP. Fiquei sem qualquer dúvida: Luís Montenegro foi e continua a ser  um chico-esperto. Vamos para eleições. Argumenta-se sobre a crise política. Não concordo. Crise política é ter um governo mau. Enquanto existir uma Assembleia da República não haverá crise política. Há, pois, que desmistificar a expressão crise política, utilizada, aliás, por todos os partidos e demais responsáveis políticos. Se este tipo de crises políticas fossem responsáveis pelo desenvolvimento dos países, como estariam, por exemplo, a Alemanha, a Itália, a Bélgica, a Espanha, a França, os Países Baixos?...

SIC

Estranho muito a posição da SIC notícias ao fazer-se passar por CMTV. O primeiro-ministro está a residir num hotel, porque tem o apartamento em obras, quem paga o hotel? São perguntas com este teor que faz pensar se não estamos perante uma orquestração, por parte da SIC, no sentido de vitimizar Montenegro. Sócrates passou por isto, mas em sentido oposto. Tudo era aí diferente: o tom, o momento, a agressividade...

€ 800000000

E pronto! As senhoras Ursúlas e afins decidiram, em 3 dias, gastar 800 000 000 euros em armamento. Pergunto: decidiram em nome de quem? Portugal foi questionado? E a Hungria? Não é que me incomode a posição de Portugal. Todos nós sabemos que somos uma voz ouvida e respeitada, até porque, para Portugal, é um prestígio ter lá Antônio Costa, nos aerópagos das decisões. E a Hungria, por exemplo, eses acéfalos que se atrevem a ter opiniões próprias, aceitarão, de olhos fechados, a transformação da sua economia numa economia de guerra e os húngaros sabem muito bem que os russos, depois da Ucrânia, depressa chegam a Lisboa. Nada melhor que estas génios para decidirem uma reforma destas em três dias.

At the end of the day

 Estou cansado de ouvir os nossos extraordinários locutores (tudo o que fala nas televisões e rádio e também tudo o que fala na comunicação social escrita: jornalistas, comentadores, ministros, políticos em geral...) utilizarem a recente e genuiníssima expressão portuguesa (via anglo-saxónica) "no final do dia".

A cereja (Trump e os outros)

Se eu fosse conselheiro de Donald Trump pedia-lhe para dizer o seguinte, numa qualquer conferência de imprensa ou nota para a comunicação social: o que é que vocês, senhores jornalistas, pensam o que faria os Estados Unidos da América se a Rússia decidisse instalar na fronteira do México ou até mesmo na Venezuela uma base militar com potencial nuclear? Façam o favor de perguntar a Clinton, Bush, Obama ou Biden.  Uma das razões desta guerra entre a NATO e a Rússia não tem a ver diretamente com a Ucrânia. Os estafados argumentos que andam há anos a proclamar não passam de puras aldrabices, visto que são absolutamente contraditórios nos seus pressupostos (Europa em perigo, defesa dos valores democráticos, agredido e agressor, Putin, Estaline e Hitler, a Rússia é a opressora de um povo oprimido, etc., etc., etc.). Está gente não quer perceber que há países e países, isto é, há países que são, simplesment, países (o que já não é pouco) e existem países que são mais do que isso: são potê...

Jornalismo, comentário, televisões e afins

Visiono, na CNN portuguesa, três pessoas a falar. Foram precedidas da apresentação feita pelo jornalista "vamos agora ao comentário". No canto superior direito do ecrã, projeta-se o próximo convidado comentador. O que têm estas 4 (5, se contarmos com o jornalista) pessoas em comum? Tudo. Falam sobre a Ucrânia, a Rússia, a União Europeia, Trump e sobre os EUA. Abordam também de raspão a China. Dizem todos o mesmo. Tentam lobrigar, invariavelmente, alguma originalidade, o que os torna ainda mais caricatos. Chegamos ao grau zero do jornalismo. Disso não há qualquer dúvida.

Carnavalesque

 Vi agora algumas imagens do carnaval nos Países Baixos. Os tipos também são foliões, como nós. Pelo menos, aqueles que eu vi vestidos com trajes carnavalescos. Há, de facto, algumas semelhanças com o nosso carnaval. Uma delas é que ambos os países estão na Europa e, na Europa, é certo que nesta altura do ano é inverno. Uma das diferenças que visualizei é que os neerlandeses não gostam de apanhar frio.

Os montes negros

  Montenegro não foi claro na estupidificação da sua conferência de imprensa. Propôs uma moção de confiança? Andou tudo às voltas. Bastava ao PS e a este extraordinário PCP assumirem que sim, que o governo iria, no dia seguinte, apresentar uma moção de confiança para o ónus passar de imediato para o lado do governo, o qual teria de ir novamente às televisões afirmar, numa assunção da sua falta de clareza, que, afinal, o governo não disse que iria apresentar uma moção de confiança. Então, disse o quê?!...

O nosso António Costa

António Costa é um verdadeiro caso de estudo. Crítico inicial de uma entrada da Ucrânia de rompante na União Europeia, passou para uma colagem à imprudência protagonizada pelas Ursulinas de Bruxelas. É também interessante vê-lo nas suas novas andanças. Parece outro: é o andar, quase sempre impetuoso, o olhar perdido depois de um cumprimento de circunstância, as mensagens subliminares parolas ao alterar o  dress code  à Volodomir depois do desastre da sala oval… António Costa já não é, efetivamente, o mesmo daquele António Costa do primeiro governo, a tal geringonça. E agora queria sublinhar o seguinte: quando é que nos vamos deixar de provincianismos, quando defendemos, orgulhosamente, que ter não sei quem em lugares de topo internacionais, nomeadamente na União Europeia, é um prestígio para Portugal?!… Pois é: estamos sempre na primeira linha dos convites para as reuniões importantes, as tais que só alguns, em nome de todos, definem o futuro de todos. Mas ficamos sempre d...

Os exilados ucranianos

  Já não há exilados como antigamente! Faz-me confusão ver ucranianos jovens e menos jovens que deixaram o seu país por causa da guerra e que, nos países de acolhimento, fazem manifestações para a continuação dos esforços de guerra, isto é,  da derrota militar da Rússia!