Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2025

Montenegro na maternidade

O que foi fazer Luís Montenegro à maternidade Alfredo da Costa no meio do apagão? O que estava Montenegro a fazer num barco, no rio Douro, aquando da queda de um helicóptero que originou a morte dos passageiros? É este tipo de político, de primeiro-ministro fotogénico, que o país não precisa.

Pedro Nuno Santos e as críticas ao apagão

 Não me parece boa ideia Pedro Nuno Santos dar uma de Ventura e atacar freneticamente o governo pela eventual inação ou desencontros comunicativos por causa do apagão. Até porque este acontecimento, de tão raro, é facilmente dado a confusões explicativas e responsabilidades dúbias. O líder do PS tem assumido uma postura de "estadista" (seja lá o que isso signifique), despindo, de certo modo, a casaca mais agressiva, à José Sócrates. Com os tempos que correm, com os tipos de líderes que parecem frutificar por essa Europa fora, caracteristicamente abnóxios, insípidos, deslavados, poderá ser uma boa estratégia. No entanto, se, como parece, enveredar por este caminho, deverá mantê-lo até ao fim e não andar,  ziguezagueante, entre o Pedro Nuno original e o Pedro Nuno mascarado. Pela minha parte, preferiria o Pedro Nuno original, o tal que muitos o qualificavam de combativo, socrático (de José Sócrates), impetuoso. Mas vivemos tempos políticos em que o mais importante é parecer. Ne...

Propaganda à luz do apagão

Miguel Pinto Luz, ministro das infraestruturas e habitação veio à CNN Portugal, em pleno telejornal, dizer coisas como isto: reunimos ao mais alto nível sob a liderança do sr. primeiro ministro. Depois, foi um vazio, uma inocuidade absoluta.

O FCP e a genialidade de Pinto da Costa

Sérgio Conceição não é um treinador qualquer: o seu perfil não é enquadrável em qualquer clube. Só um presidente absolutamente genial, conhecedor não só de futebol, mas também do ser humano, é que apostaria num treinador como Sérgio Conceição da maneira como Pinto da Costa o fez. O Futebol Clube do Porto tem estado, desde há uns anos, abaixo, em qualidade futebolística, do que foi a sua identidade dentro do campo (do futebol jogado). Os jogadores do FCP têm sido jogadores banais, sem qualquer rasgo assinalável. Ora, só um treinador como Sérgio Conceição é que poderia colocar a mística alcançada, árdua e vitoriosamente, pelo clube ao longo de 40 anos, ao serviço de vitórias e da luta por títulos. Foi, portanto, este reconhecimento logístico que Pinto da Costa vislumbrou, isto é, enquanto não se garantir uma equipa competitiva, garante-se um treinador competitivo, conhecedor profundo do clube e - o mais importante - identificado com o clube. No futebol, só conheci três génios: Maradona, ...

O apagão

Ficamos sem luz, sem internet, sem mundo. Esperei uma explicação de alguém com responsabilidades. Chegou, com laivos ainda incertos: a Rússia estava por detrás do nosso apagão.

A igreja católica

 Vi o funeral do papa, ontem, praticamente na íntegra. E o que eu vi foi, sobretudo, uma cerimónia carregadíssima de faustosos rituais que, de certo modo, estão em contracorrente com a mensagem que o papa Francisco tanto apregoou e que os próprios convidados televisivos, fossem eles padres ou jornalista ou ainda especialistas (vivemos no tempo dos especialistas em tudo), sublinharam e aplaudiram.

As reuniões no enterro do papa e também a RTP

Obviamente que não acredito em reuniões à porta de uma igreja entre quatro pessoas e uma outra no átrio da mesma igreja entre duas dessas quatro pessoas, mesmo que os mesmos, ou um deles, ser apresse a escrever e qualificar, nas redes sociais, estas reuniões como históricas. Como também não acredito - e acho mesmo inacreditável - na beatice da correspondente da RTP (televisão do Estado português) nas exéquias de Francisco, em que sublinha, eufórica, que espera que a paz na Ucrânia seja o primeiro milagre do papa Francisco.

A guerra

Um oficial russo foi ontem morto com uma bomba que foi ativada quando iniciou a ignição do seu automóvel. Chama-se a isto ataque terrorista. No carro podiam estar filhos, mulher ou outros "danos colaterais". Não vi ainda ninguém do "nosso ocidente" criticar este tipo de "guerra". Já nem falo dos nossos extraordinários comentadores.

A manifestação proibida do Ergue-te

 O partido político "Ergue-te" foi impedido de realizar uma manifestação política (um encontro?), em pleno período de pré-campanha eleitoral, no dia 25 de abril. A razão subjacente à proibição foi a segurança ("razões de segurança", segundo a PSP, validado pela Câmara Municipal de Lisboa). Confesso que estou dividido: tinham ou não tinham estes extremistas direito de se manifestarem?

Kaja Kallas ou a União Europeia?

"Deixamos bem claro que não queremos nenhum país candidato a participar nos eventos de 9 de maio em Moscovo" (Kaja Kallas, chefe da diplomacia da União Europeia). Esta senhora é quem, oficialmente, representa a União Europeia. O dia 9 de maio é o dia em que a Rússia comemora o seu dia da vitória sobre a Alemanha Nazi (9 de maio de 1945, fim da Grande Guerra Patriótica, assim denominado na Rússia e em outros estados pós-soviéticos). Não será excessivo afirmar que a própria existência da União Europeia se deve à ação e dos soldados russos que regressaram vivos e mutilados, mas também dos milhões que morreram no campo de batalha nessa Grande Guerra Patriótica. A União Europeia é, atualmente, o espaço do radicalismo. Seria muito, mas muito interessante se Donald Trump estivesse presente.

Os debates e as notas

 Tenho seguido os debates televisivos. Tenho também observado as avaliações, transformadas em notas de 0 a 20, como nos exames da escola, dos extraordinários comentadores. Vale a pena seguir as disparidades, de canal para canal.

PPD-PSD: veja as diferenças

  Falta, porventura, uma outra fotografia, necessariamente mais atual. Qual dos "PSD's" (o PPD parece que já caiu na sigla do partido) tem mais a ver com os valores de abril?

Fact checking

 Na moda das verificações polígrafas, uma das televisões resolveu confrontar Ventura e Montenegro, a respeito dos apoios mútuos no tempo em que ambos eram do PSD. O que estava em causa era, portanto, se Ventura algum dia disse que Montenegro seria o melhor líder para o PSD. A verificação foi, aparentemente (não revelaram imagens nem som), afirmativa. O que o "fact checking" não revelou - nem pesquisou - foi se Montenegro algum dia apoiou declaradamente Ventura em Loures. E quase que aposto que sim, que foi uma fervoroso adepto do estilo do atual líder do Chega (na linha, aliás, do seu também endeusado Passos Coelho). Tenho dito que André Ventura é o político mais maltratado pelas televisões. É também verdade que, quando era uma voz solitária no Parlamento, foi, lamentavelmente, sobrestimado, o que o ajudou, de certo modo, a conquistar todas aquelas bancadas. No entanto, uma coisa não implica a outra.

O 25 de abril do Governo e do Chega

  A decisão do governo em adiar (adiar para quando?!...) as comemorações do 25 de abril por causa da morte do papa é, simplesmente, incompreensível. O governo revela, com esta posição, que não tem grande apreço pela data. Pela reação partidária que já foi anunciada, estou propenso a crer que o único partido a aplaudir o executivo será o Chega. O novo PSD, iniciado com Passos Coelho, parece que veio para ficar. A questão que se deve colocar é a seguinte: em quem votam os herdeiros (alguns, é certo, pois o PSD nunca foi, verdadeiramente, um partido de abril) do PSD fundacional?

As individualidades europeias

 Não se consegue entender o discurso tubular dos líderes europeus a respeito da guerra da Ucrânia. Na verdade, autoexcluem-se de uma posição de negociação entre as partes. Tudo porque quando abrem a boca só têm uma mensagem: mais não sei quantos mil milhões de euros para o esforço de guerra. Daí que passem longos dia sem abrir a boca. Como tudo isto é possível?!…

Os 3 mosqueteiros no funeral do Papa

 Não me parece nada normal que o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro se desloquem, em tributo, ao funeral do Papa, todos em representação do país. A não ser que um vá a representar os portugueses (Presidente da República); outro o Parlamento  (Aguiar-Branco) e outro a campanha eleitoral (adivinhem...). Não havia, de facto, necessidade.

Montenegro na Madeira

Luís Montenegro foi à Madeira em pré-campanha eleitoral. Teceu os habituais encómios ao presidente do governo regional da Madeira, afirmando que o que conta é a estabilidade. Ora, não era esta a narrativa de Luís Montenegro no passado recente, em que defendia a impossibilidade de uma candidatura de alguém carregado de sombras judiciais. Para Luís Montenegro o importante é, portanto, o voto do povo. É bonito. Fica bem, mas é hipócrita.

Montenegro

Qual a necessidade do primeiro-ministro de Portugal fazer uma proclamação televisiva, em horário nobre, vestido á agente funerário, copiando o presidente da república?  Resposta: Montenegro é um habilidoso.

As fotografias das guerras dão sempre bons prémios

Já é a segunda vez (consecutiva) que uma fotografia da guerra em Gaza ganha o prémio de fotografia do ano do "World Press Photo". Confesso a minha incredulidade: é fácil ganhar prémios fotográficos mostrando crianças sem braços e mães a apoiar um filho morto nos braços. Os horrores da guerra não deveriam servir para ganhar prémios. Não se pode apoiar militarmente uma guerra (ou estarmos silenciosamente acomodados) para depois aplaudirmos, num nisto de indignação e admiração lamentavelmente estética, a performance artística do fotógrafo. O horror das guerras é, fundamentalmente, um e chama-se danos colaterais. Assim, no plural.

A sucessão do papa em português

Nós, portugueses, não conseguimos, desgraçadamente, fugir dos nosso identitário provincianismo. No próprio dia em que o papa Francisco morreu, começaram as apostas e outros desejos sobre a possibilidade de o próximo papa poder vir a ser português. Seria mais uma benção divina para o país dos pastorinhos, como foram as ascensões ao Olimpo do Barroso, do Guterres e, mais recentemente, do Costa. E ainda, claro, do melhor do mundo, o Ronaldo. O nosso maior entertainer esteve, a este respeito, cautelosamente silencioso. Mas ainda só passou um dia. Esperemos.

O Papa Francisco, o PCP e a hipocrisia

 A morte do papa Francisco traz à conversa póstuma um mar de hipocrisia quando o tributo se cola à dimensão da paz e da guerra. Basta ouvir a declaração do ministro dos negócios estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel (entre outros), para entendermos o quão o discurso político está impregnado de cinismo. Com efeito, a posição do papa Francisco em relação à guerra da Ucrânia, por exemplo, é dramaticamente oposta às que são tomadas pelas lideranças dos vários países que compõem a União Europeia. O único partido, em Portugal, que se pode colar ao discurso do Papa relativamente à guerra em geral e, em particular, à guerra da Ucrânia, é o PCP. Por tudo isso, faz mal o PCP não explorar, politicamente, esta verdade. Porque é de verdade que se trata. Quando se diz, com razão, que Francisco tinha uma singular capacidade de chegar a todos (todos, todos, todos), crentes e não crentes, a adesão dos religiosamente "(auto) excluídos" comunistas ao seu pensamento serve, impecavelmente, de ex...

O PGR e o PR

 Talvez fosse boa altura o Presidente da República sair do seu estado de entretenimento crónico e agisse mais ou menos como agiu aquando da sua declaração a respeito da antiga ministra da administração interna do governo Costa, que originou a sua demissão. Quando elegemos um presidente da República fazemo-lo porque pensamos que é alguém (o último recurso) capaz de ser uma garantia do próprio regime democrático. Pois bem, o que se tem vindo a passar com a atuação da Procuradoria-Geral da República, com o seu padrão de atuação bem definido, mereceria uma atitude digna de um verdadeiro chefe de estado. A política não se pode imiscuir na justiça, mas esta também não se pode imiscuir na política. E, entre estas duas dicotomias, é preferível, em último recurso, a política imiscuir-se na justiça.

Terceira Guerra Mundial, segundo António José Telo

 Vale a pela ler a entrevista à CNN Portugal do professor António José Telo, um dos fervorosos apoiantes do até ao último ucraniano. Interessa-me, sobretudo, a capacidade contorcionista desta gente, o esplendor da hipocrisia intelectual que revela. Fico-me pela seguinte asserção: "Não estamos longe da Terceira Guerra Mundial. O pior vem a seguir". Depois, adianta: "Para mim existe um paralelo evidente. O período que vivemos faz-me lembrar muito os períodos que antecedem os grandes conflitos mundiais, os conflitos verdadeiramente globais". Mas o senhor professor, com tanto conhecimento histórico do ponto de vista militar, só descobriu este dilema agora?

Procuradoria, procurador e Sócrates

 Soubemos ontem que a mesma denúncia anónima sobre Pedro Nuno Santos havia sido arquivada há um ano pelo DIAP do Porto. Este Procurador-Geral da República, motivado por outra denúncia anónima,  entendeu, a 5 semanas das eleições legislativas, retomar as investigações. Para ele, as conclusões do DIAP do Porto não foram, portanto, suficientes para o arquivamento. Amadeu Guerra foi um dos grandes obreiros do processo Marquês, que implicou o ex-primeiro-ministro José Sócrates, com tudo o que de espetáculo essa operação trouxe ao país. José Sócrates anda há anos a erguer-se contra as decisões e  posicionamento públicos da Procuradoria-Geral da República. Para muitos, é  tudo coincidência; outros, preferem o silêncio e a cobardia; outros, ainda, afirmam que os políticos que têm governado ao longo dos 50 anos de democracia, têm uma agenda única de enriquecimento pessoal e corrupção. Questiono-me: onde se situará Amadeu Guerra, o justiceiro?

Vale tudo?

Para Luís Montenegro vale tudo na luta pelo poder. Não me recordo de um primeiro-ministro expor de uma maneira tão indecorosa (habilidosa, pronto...) a família. Desta vez foi com a Júlia Pinheiro, no seu programa de televisão. O primeiro-ministro sublinhou que um dos filhos tem as portas fechadas e outro quer mesmo emigrar. Tudo por causa do pai que têm. Os filhos aprendem muito com os pais. E fazem-no de duas maneiras distintas: pelas virtudes e pelos erros que cometem os progenitores. Os dois filhos de Montenegro seguirão, com certeza, esta máxima.

O caso das casas do Pedro Nuno

 Esta aparição pública do Ministério Público ao abrir uma investigação preventiva para se elucidar sobre eventuais irregularidades sobre manobras de compra e venda de imóveis por parte do líder do PS, não é mais do que um processo de equidade de tratamento relativamente a Luís Montenegro. Ou seja: já que abri para Montenegro, tenho de proceder de igual forma para Pedro Nuno Santos. A diferença reside num simples facto, que é o de estarmos em campanha eleitoral (ou pré-campanha). Mais uma vez, comprova-se a incompetência e a a agenda política desta gente, bem plasmada no caso Sócrates.

O nosso Trump

 André Ventura é um bom político, num sentido muito próprio do que é ser um bom político (um bom político para os dias que correm). É um queixinhas e tem razão em algumas queixas. Por exemplo, os comentadores são, regra geral, parciais nas análises que fazem sobre os debates em que o líder do Chega intervém. Fazem mesmo gáudio em mostrar as suas discordâncias, como se isso fosse importante. André Ventura é um político da espuma dos dias, tal como Trump nos Estados Unidos da América. André Ventura gostava de ser Trump e copia-lhe os dislates e até os tiques. No seu anacronismo, só lhe falta uma coisa: Portugal ir do Minho a Timor.

A guerra da Ucrânia: um artigo de José Sócrates

 Eu sei que José Sócrates é uma espécie de proscrito na sociedade portuguesa. Eu sei que o homem deixou de ter voz no nosso espaço público e político, o que também é revelador da cobardia política de alguns políticos. No entanto, José Sócrates é tão inocente com qualquer um de nós, porque ainda não foi condenado de nada. É assim o estado de direito. O ex-primeiro-ministro escreveu um artigo sobre o pendor belicista que a Europa atravessa. Vai ao encontro do que aqui tem sido escrito sobre o tema. Gosto. Gostei.

Ucrânia under attack (2)

 As imagens repetidas até à exaustão do ataque russo a Sumy têm só um motivo: potenciar o agravamento da guerra através do seu alargamento aos países da Europa. É assustador vermos Trump como o lado racional nesta contenda. Olho para Kallas, Ursula Von der Leyen, Annalena Baerbock (têm sido as mais intervenientes, ultimamente) e o que vejo são três mulheres que não fazem ideia nenhuma do que poderá ser uma guerra nuclear. Arranjem um kit para 72 horas de isolamento na despensa lá de casa!...

Deixem o Luís trabalhar?!...

 Quem teria sido o génio que impôs este slogan à campanha da AD! Cavaco Silva foi o último D. Sebastião da política executiva. Deixem o Luís Montenegro trabalhar?!... Trabalhar onde? Por que razão esta gente não se importa de tratar os portugueses de estúpidos?

Ucrânia under attack

 Um dos (grandes, enormes) motivos porque uma guerra é terrível tem a ver com as chamadas baixas colaterais. Para além disso, há também as baixas militares, as quais, são, na sua maioria, seres humanos jovens e a destruição que provoca (cidades inteirais arrasadas, por exemplo). Daí que a guerra obedeça a regras deontológicas que podem resultar em crimes de guerra. Desde cedo que esta narrativa foi criada em redor da Federação Russa e de Putin. Estou em crer que não têm existido razões válidas para esta acusação. Mais uma vez, com o ataque de ontem à cidade de Sumy, a Federação Russa foi acusada de insistir em ataques contra alvos civis, o que configura, como sabemos, crimes de guerra. Mas a reação mais extraordinária a este ataque russo, que provocou 32 mortos, veio dos EUA, designadamente do seu enviado para a Ucrânia, Keith Kellogg. Diz ele o seguinte, sem pestanejar: o ataque é "inaceitável" e "ultrapassa os limites da decência". Decididamente, os palestinos são...

PCP e Paulo Raimundo

  Nota-se a evolução na maturidade televisiva de Paulo Raimundo. Os debates têm-lhe corrido bem. Para além disso, a atenção dada pelos senhores e senhoras que comentam fazem com que o PCP tenha mais tempo de antena e, o que é melhor e naturalmente adequado, o respeito que lhe é devido. Não sei se será suficiente para o PCP recuperar o "seu" lugar na democracia portuguesa. Vamos ver.

A miscelânia Governo-PSD-eleições

 Não tenho memória de um governo de gestão tão despudoradamente interventivo. Assim de repente: obras na linha da Beira Alta; 10 mil milhões de euros para combater as tarifas vindas dos EUA; ainda por cima sem falar com o PS; 15 milhões de euros aprovados para garantir internet nas escolas, etc. Tenho dúvidas se se ganham eleições assim. Para quem fala Luís Montenegro?

Spinumviva e a gasolineira

  É tudo normal , tudo transparente, tudo tão óbvio, tão pouco Amadeu Guerra.

As "guerras" e a União Europeia

Nestas duas guerras proclamadas, há uma que não é, verdadeiramente, umas guerra. Na verdade, o que se passa com a aposta da administração republicana dos EUA em revolucionar o comércio internacional através da radical alteração das regulações tarifárias não se compara ao que se passa na Ucrânia. De qualquer modo, existe uma relação confrontacional entre diversas partes, entre as quais a União Europeia. Ora, é precisava neste ponto que podemos classificar a hipocrisia dos mandantes da União Europeia. No conflito bélico, onde morrem diariamente pessoas, optam pela aposta nas continuação da guerra; no conflito comercial com os EUA, a aposta é direcionada para a diplomacia.

Os recados da Comissão Nacional de Eleições

 Parece que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) perdeu a paciência com as habilidades à Montenegro, por parte do Governo, quando o alerta que até ao final do "processo eleitoral em curso, se abstenha de realizar ações que consubstanciem formas de publicidade institucional proibida". Ou seja: este governo revela bem a sua matriz propagandística, em que o extraordinário conselho de ministros no mercado do Bolhão foi exemplo maior.

Os debates e as avaliações dos comentadores

Quem iniciou esta praga de atribuir uma classificação aos políticos foi o comentador enquanto comentador Marcelo Rebelo de Sousa. Na altura, tinha uma certa piada vermos os líderes partidários passarem à tangente pelo crivo do senhor professor. Acontece que nem todos são marcelos, tanto na cientificidade pedagógica, como no patamar entretenimento. Ontem vi o debate entre o Ventura e o Rui Tavares. Dos dois, quem passou a mensagem com mais objetividade, tanto do ponto de vista doutrinário, como - sobretudo - do ponto de vista comunicacional foi, sem dúvida, André Ventura. Pois bem, aquelas senhoras da CNN Portugal lá foram ao baú das suas convicções pessoais e desancaram no líder do Chega. Todas, menos uma: a Maria Castello Branco lá conseguiu explicar às colegas que o que está aqui em causa não é a opinião das próprias, mas antes as variáveis comunicacionais e discursivas num debate televisivo. O jornalista que conduziu o debate foi mais outro desastre. Mais uma vez, o que importa é mo...

A parvónia do nosso futebol

  Quando é que os comentadores (o que será que eu tenho contra os comentadores?!...) futebolísticos vão deixar de tratar as equipas que jogam com os chamados três grandes como se de equipas estrangeiras se tratasse? Basta ouvir as competentes análises que fazem não só após o jogo (se este não resultar de uma vitória do Porto, Benfica ou Sporting), como também a reação ao golo alcançado pelas equipas "pequenas", para ficarmos convencidos da qualidade destes profissionais da bola. Verificamos facilmente este facto se atentarmos, por exemplo, nas extraordinárias análises que fizeram ao golo do Sporting de Braga em Alvalade. Parece que o Sporting tinha sido eliminado de uma qualquer eliminatória da UEFA pelo Real Sociedad de Fútbal. Isto é absolutamente cultural e identitário, eu sei, já aqui o escrevi, mas o nível de profissionalismo desta gente que pastoreia o comentário desportivo é inacreditável. E é com estas e outras originalidades que se alimenta o povo, que somos todos ...

As iniciativas liberais

Alguém andou a assoprar aos ouvidos dias líderes da Iniciativa Liberal que Rui Rocha destaca-se dos seus adversários pela seriedade que patenteou no debate fatal que provocou a queda do governo. E acreditaram. Claro quer esta ideia da seriedade do Rui Rocha partiu, como quase sempre acontece, da iluminada cabeça de algum dos nossos comentadores. E depois, como quase sempre acontece, foi uma espiral interpretativa em redor desse conceito.  Consequentemente, a Iniciativa Liberal deixou de aparecer com aqueles criativos cartazes, os quais eram uma marca diferenciadora em relação aos demais. Lá estamos, portanto, condenados, quando vamos absortos no carro, no caminho desesperante do trabalho, a olhar para a carantonha do Rui Rocha com os inebriantes e inevitáveis "seriedade", "responsabilidade", "confiança", etc., etc. O único lider político sério e responsável é o neoliberal Rui Rocha. Dizem os cartazes.

Professores por acaso ou por necessidade

 Já aqui referi o que tem sido, a meu ver, uma das desgraças do contexto educativo em Portugal: a não escolha da profissão como primeira opção ou, se quisermos, aquilo que se costuma apelidar de vocação. E também sublinhei que o que se está a passar atualmente é um decalque do que foram as escolhas docentes dos idos anos 80: vão para professores quem não arranja trabalho cá fora. Esta reportagem da CNN Portugal exemplifica, cabal e infelizmente, o meu ponto de vista. As duas personagens da reportagem são pai e filho e ambos são professores por acaso: estavam desempregados e, como não arranjavam emprego em mais lado nenhum, escolheram ser professores. O mais velho mantém-se no ensino e o mais novo também. São, pois, professores por acaso. Eu não tenho nada contra o acaso, mas não posso aceitar que seja esta a regra "perpétua" no preenchimento do quadro docente do Ministério da Educação. Há uns anos, nas análises comparativas que gostamos de fazer, dizia-se que a profissão de...

CNN Portugal: outra vez os comentadores

 Já aqui referi a pouca vergonha do papel dos jornalistas comentadores nas entrevistas aos lideres partidários que estão a desenvolver na CNN Portugal. A título de exemplo: o Sr. Rui Calafate fez uma pergunta a Mariana Mortágua que durou 3 minutos e 12 segundos. Isto não é querer ouvir a entrevistada: isto é querer ouvir-se a a si próprio. Estes três minutos resumiam-se a uma pergunta de 12 segundos: qual a ligação de Boaventura Sousa Santos ao Bloco de Esquerda? (Rui Calafate parece partir, com esta apurada análise, do princípio que Boaventura Sousa Santos - "que fez uma lamentável entrevista", apesar de ter sido "muito bem feita pelo André Carvalho Ramos" - é um condenado em última instância pelo crime de assédio sexual. Era, portanto, esta sua opinião que o comentador queria transmitir. Como ninguém o convida para ser entrevistado...).

A Ucrânia, a Rússia, Israel, União Europeia: a coerência

As guerras entre a Ucrânia e a Rússia e entre Israel e... (de difícil definição) continuam numa espécie de velocidade de cruzeiro. As tentativas de paz morrem praticamente à nascença porque os argumentos apresentados são simplistas e similares. De um lado: defende-se que tudo começou com a invasão da Rússia à Ucrânia; do outro, a defesa é semelhante: tudo começou com o ataque terrorista do Hamas ao colonato israelita na faixa de Gaza. No meio deste argumentário temos a União Europeia: apoia a continuação da guerra com a Rússia e, silenciosa e subliminarmente, parece apoiar o genocídio que Israel está a levar a cabo na Palestina. A premissa é, assim, a mesma - a origem das guerras: 22 de fevereiro de 2022 e 7 de outubro de 2023 embora, como todos sabem, esta premissa está, tanto de um lado como do outro, erradamente balizada no tempo. Existe, todavia, uma diferença na postura da UE, a qual diz respeito ao armamento enviado para a Ucrânia e a ausência de envio para Israel. No entanto, es...

A RapDiva e o Chega

  Eva Cruzeiro (Eva RapDiva, de seu nome artístico) é a candidata número oito da lista do PS para as legislativas em Lisboa. A candidata tem, naturalmente, uma voz política, pois só assim se justifica a sua inclusão nas listas do Partido Socialista. Numa das suas incursões pela política ficamos a conhecer não só o estilo, como as ideias: "Eu sou africana, 'tou-me a cagar para a guerra da Ucrânia. Esses gajos que se matem como nós nos matamos. Eles não se importam connosco, então, nós não nos importamos [com eles]". Adianta: "eu sei que isto se cair na net, muitos vão falar mal, mas a mim não me compete agradar a toda a gente". Eu sei que a futura Sr.ª. deputada justificou, quando soube do convite para a lista do PS (a entrada na "política institucional", como disse), que tudo não passou de um momento de liberdade criativa (que tem costas largas, como sabemos) e, quanto a isso, não me compete avaliar o grau de excelência deste monumento estético. Sei, n...

Sérgio Sousa Pinto

  Sérgio Sousa Pinto é daqueles políticos que é muito difícil não gostar. E a principal razão para se gostar ou simpatizar com o ex-líder da juventude socialista tem a ver com a sua forma de estar na política, cultivando, a partir de uma certa altura da sua vida política, uma imagem não enquadrável nos ditames, muitas vezes demasiados rígidos, partidários. Para além disso, é alguém que gosta de se cultivar: lê, reflete e gosta de evidenciar a sua dedicação ao pensamento. Este episódio em torno das listas para deputados, que motivou a sua autoexclusão depois de ter aceitado integrá-las não foi, a meu ver, a maneira mais correta de mostrar a sua tradicional autonomia de pensamento, ou a sua rebeldia no seio do Partido Socialista. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa: tomar resoluções deste tipo num momento tão decisivo para o PS e o seu líder é eticamente irrazoável, ainda por cima com os argumentos e vocabulário utilizado, afirmando, por exemplo, as opções "quase insup...

Jack Doohan e o ciclismo

O piloto australiano de formula 1 Jack Doohan teve um aparatoso acidente muito perto dos 300 km. O carro ficou, obviamente, em muito mau estado, mas, segundos após o despiste, já com o carro imobilizado, a voz do piloto ouviu-se: está tudo bem.  Qual a correlação deste acidente com o ciclismo profissional? Muita e nenhuma.  Há uma conclusão que emerge: é mais seguro ter um acidente num carro de formula 1 ou numa moto GP a 300 km do quer ter um acidente numa bicicleta a uma velocidade de 80 km/ hora. Poder-se-ia diminuir o número de acidentes graves no ciclismo com uma medida muito simples, sem colocar em causa a verdade desportiva: balizar a velocidade das bicicletas em descidas consideradas perigosas. Se esta regra fosse implementada, estou em crer que as mortes e acidentes graves nesta modalidade ciclística estariam ao nível das mortes e acidentes graves que ocorrem na formula 1.

O ranking das escolas

 O ranking anual das escolas portuguesas, que pretende aferir qual ou quais são os melhores estabelecimentos de ensino em Portugal é uma informação mais voyeurista do que pretensiosamente científica. Todos sabemos que as escolas têm idiossincrasias próprias, as quais refletem, maioritariamente, a comunidade social em que estão inseridas. As escolas são mais do que preparação para exames. A escola é um edifício não só físico (são importantes as boas condições do espaço escolar), mas também comporta valências várias: sociais, económicas, culturais, psicológicas, laborais, lúdicas, éticas... Os agrupamentos de ensino ou as escolas não agrupadas não devem, portanto, ser tratadas como se estivéssemos a analisar uma fábrica de montagem de aspiradores, por exemplo. Neste sentido, as posições dos diretores das escolas não pode ser, na generalidade, dúbia: por um lado, apontam justamente as incoerências do estudo; por outro, vangloriam-se se a sua escola ficou bem colocada no ranking.

CNN Portugal: entrevista ao Ventura

Não gosto como tratam o André Ventura. Na verdade, a Anabela Neves, o Rui Calafate e o pivot são sobranceiros relativamente ao lider do Chega. Querem evidenciar a sua distância, exteriorizar que não têm nada a ver com o entrevistado, mostrar mesmo que não gostam dele. Tratam o Ventura como o jornalista da RTP José Rodrigues dos Santos tratou o Paulo Raimundo. Uma entrevista não é isto, por muito que esta gente tenha a pretensão de inovar. No final da entrevista, sei mais sobre as opções políticas da Anabela Neves e do Rui Calafate do que das propostas do partido Chega.

Guerra comercial

Posiciono-me exatamente na mesma como faço relativamente à outra guerra, bem mais perigosa: independentemente do Trump ser isso e ser aquilo e mais isso e aquilo, as suas razões devem ser motivo de análise e reflexão, isto é, qual o histórico desta contenda? Há validade no argumentário exposto? Trump acordou um dia e resolveu iniciar esta guerra, tal como fez Putin, como se expande na comunicação social ocidental?  É também interessante verificar que a União Europeia toma, neste relação belicosa, uma atitude bem mais diplomática do que a que tem com a Federação Russa.

Economia de guerra

A aposta da Europa na defesa tem um pressuposto económico evidente. Aprendemos com a Rússia os caminhos para erigir uma economia baseada essencialmente na indústria de armamento. Neste sentido, o apogeu crítico direcionado para o país de Putin estava imbuído, afinal, num manto diáfano de hipocrisia. A Finlândia pode servir de exemplo, ao ratificar a sua saída do Tratado de Otawa para comprar minas pessoais, as quais poderão servir, naturalmente (convém ter sempre o diabo russo à mão), para combater o imperialismo russo (a famosa cassete comunista revisitada pelos seus detratores). James Carville, conselheiro económico de Bill Clinton, estava cheio de razão quando defendeu que, afinal, "it's the economy, stupid".

Eleições, sondagens, comentadores e afins

 A comunicação social, através dos comentadores exacerbados, começou por afirmar perentória e desregularmente, que os portugueses não queriam eleições porque estavam cansados de atos eleitorais (!), como se os atos eleitorais não fossem, por definição, a essência do esclarecimento político. A mesma comunicação social e os mesmo comentadores cavalgaram, seguidamente, várias ramificações teóricas, todas alicerçadas na teoria do caos e da crise política. Vieram as sondagens e - pasme-se - estas têm refletido toda esta carga noticiosa e reiterada. Nestas circunstâncias, será muito difícil a "razão" não estar do lado deles. Curiosamente, estes últimos dias têm mostrado outra narrativa: a luta interna do PS no que diz respeito à lista de deputados (Braga, Aveiro, entre outras distritais). Tudo, naturalmente, para mostrar a desunião e a eventual (certa, certíssima, segundo defendem) substituição de Pedro Nuno Santos na eventual (certa, certíssima, segundo os mesmos) derrota nas legi...

Gronelândia: reação devastadora

  Notícia de última hora ("breaking news", em bom português): o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, ao lado da "task force" da União Europeia e Inglaterra, declarou que se os Estados Unidos da América invadirem a Gronelândia terão uma resposta devastadora por parte dos aliados europeus. (amanhã eu desminto este post)

Quando o dia das mentiras era lembrado no dia das mentiras ou "The times they are a-changing"

Já ninguém liga ao dia das mentiras. Antigamente (um antigamente que tem poucos anos), o 2 de abril era o dia do desmentido. Afinal, asseguravam os órgãos de comunicação social, era mentira o que no dia anterior haviam noticiado. " The times they are a-changing ".

Portugal - portugalesque

  Há narrativas que teimam em perdurar através dos tempos políticos, principalmente se esses tempos forem de eleições. A narrativa talvez mais desenvolvida parte da premissa do crescimento. Esta é quase sempre trazida ora pelos primeiros-ministros, ora pelos ministros das finanças. O país cresce, então, mais do que os outros; o país é um dos mais seguros do mundo; o país tem uma das mais elevadas taxas de crescimento económico; o país é um oásis; o país tem resultados maravilhosos nos índices internacionais sobre saúde, educação; o país atrai multinacionais; não somos corruptos; não somos racistas; e por aí adiante. Afinal, o que se passa connosco?!

Cartazes, propaganda ou poluição visual

Não sei o que se passa nos outros países aquando das campanhas eleitorais, mas estou em crer que não será igual ao que se passa em Portugal. Aqui os cartazes de propaganda partidária assumem contornos exageradíssimos (tamanho, prolongamento no tempo, perigosidade automobilística...) e revelam, além disso, que ter numa rotunda propaganda partidária ou propaganda à Volkswagen é exatamente a mesma coisa. Paga que pode. As câmaras agradecem. Deveria, por isso, haver regras muito restritas a este respeito: cartazes mais pequenos e em locais próprios. Por mim, acabava também com as sondagens.