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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2025

Friedrich Merz e Donald Trump: o encontro

 Não sei se me enganarei muito se disser que o encontro entre Friedrich Merz e Donald Trump, na próxima semana, trará algumas surpresas, principalmente, no que diz respeito à impetuosidade bélica do chanceler alemão. Estou propenso a crer que vamos ver um "chancelerzito". Do mesmo modo, vamos, provavelmente, ver mais Alemanha e menos União Europeia.

"Nouvelle" jornalismo e o tiro ao couraçado do Almirante Gouveia e Melo

Gouveia e Melo é o alvo do novo jornalismo que campeia por estas nossas latitudes. Mafalda Anjos, uma das representantes mais válida desta tendência, elaborou a sua análise desta maneira: "Fui ao Chatgpt, pedi para fazer um discurso para um candidato a Presidente e não foi muito diferente do de Gouveia e Melo". Penso que a inteligência natural de Mafalda Anjos quis analisar concludentemente as banalidades discursivas do agora candidato a Presidente da República. Poderá ter razão (qual o discurso de apresentação de uma candidatura que não seja uma banalidade?). Se eu fosse o Gouveia e Melo, contratava Mafalda Anjos para o assessorar no seu futuro gabinete de comunicação, com a responsabilidade, obviamente, da elaboração dos discursos a haver. Tenho uma quase certeza: Mafalda Anjos aceitava, deleitada, o lugar. Dez aninhos em Belém dariam muito jeito.

ERC

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) demonstrou, finalmente, a sua indignação sobre a lamentável entrevista que José Rodrigues dos Santos fez ao secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo. Indignação? Claro que não! A ERC reconhece a liberdade editorial da RTP, mas não deixa de anotar que o critério monotemático (a entrevista não saiu da posição do PCP face à guerra entre a Ucrânia e a Rússia) limitou a exposição de outras temáticas políticas do partido. Daí que a extraordinária ERC evoque (implore?) para que a RTP tenha mais sensibilidade para este tipo de ocorrências. Assim: "[A ERC] delibera sensibilizar a RTP para a necessidade de assegurar a harmonização da sua liberdade e autonomia editorial com os princípios de pluralismo e igualdade de tratamento entre todas as forças políticas concorrentes aos atos eleitorais garantindo o direito dos cidadãos de serem informados, previsto no n.° 1 do artigo 37.° da Constituição da a República Portuguesa". Para que serve...

Outra vez e outra vez!...

  Um episódio idêntico a este , agora na CNN Portugal , voltou a normalizar o disparate no jornalismo, em Portugal. Francisco David Ferreira, um jornalista da casa, abriu, deste modo, a contenda (o correto deveria ser entrevista, mas os jornalistas estão mais preocupados em deixar a sua pegada "ecológica" do que a sua pegada de imparcialidade, que deve reger, naturalmente, uma entrevista): "Sabemos que [o Chega] recorre, e até Pedro Frazão já o fez várias vezes, a informações falsas para fazer alguma propaganda. Isso vai mudar, Pedro?" Claro que Pedro Frazão ficou indignado, como indignado ficaria qualquer entrevistado que, perante a clareza arrogante do jornalista (repito a ideia: os jornalistas estão mais preocupados em mostrar que não votaram Chega do que fazer, deontologicamente, o seu trabalho), esperava, naturalmente, expor, sem armas apontadas à cabeça, o seu ponto de vista. Jornalismo não é isto. Um entrevistador não deve sobrepor-se ao entrevistado. O que m...

As eleições e o Costa, António Costa

  As análises e contra-análises feitas sobre o resultado das últimas eleições legislativas, maioritariamente, pelos mesmos, têm abundado na praça pública televisiva. Os nossos respeitados comentadores deixaram, por ora, descansar o Putin e passaram a massacrar os deputados eleitos, os números de votos, as percentagens, o Pedro Nuno Santos, o PS, os eleitores. Têm-se esquecido, todavia, daquele que foi, provavelmente, o maior responsável deste resultado: António Costa. O ex-primeiro-ministro abandonou o governo por causa de um parágrafo escrito pela Procuradora-Geral da República, numa atitude "patriótica e de esquerda", como frisaria Gerónimo de Sousa. Todos nós aplaudimos a nobreza do gesto, a verticalidade do caráter, o desapego do homem. Acontece que António Costa não só abandonou o governo, como também abandonou o país. Haja coerência: se não se sentia mentalmente desanuviado, sem sombras externas no que diz respeito à sua retidão, para desempenhar a sua alta função de ch...

Merz, o chanceler, autoriza

  Confesso que já me custa acompanhar as narrativas da guerra da Ucrânia. Sou do tempo em que se dizia que a Rússia não tinha capacidade militar e que o armamento que utilizava era dos idos da União Soviética, algum mesmo da Segunda Guerra Mundial. Sou também do tempo em que se afirmava que Putin acabaria pendurado numa qualquer árvore, qual Mussolini, pois seria inevitável uma revolta do povo oprimido. Sou do tempo em que os tanques ocidentais seriam a derrota russa, os aviões, as sofisticadas bombas deflagradoras, os mísseis, as antiaéreas... Tudo isso acabaria com a vergonha e os limites do sonho russo de reconquistar o império soviético, verdadeiro escopo do czar Putin. Mais do que o império soviético: toda a Europa, Lisboa incluída. Sou do tempo em que um tipo chamado Prigozhin chegaria, com as suas tropas, ao Kremlin e completaria o golpe de Estado. Sou do tempo em que a Rússia era um estado pária. E sou do tempo em que um chanceler alemão chamado Joachim-Friedrich Martin Jos...

O Observador no Chega e o Chega no Observador

 O jornal Observador resolveu copiar os cartazes eleitorais do partido Chega para noticiar o início do julgamento da Operação Marquês. O "cheguismo" está a fazer, incontornavelmente, o seu caminho. Só falta o slogan da corrupção. Mas também não é preciso.

André Ventura na SIC

  Por um lado, gosto de ver André Ventura com ar vitorioso perante os jornalistas que, sistemática e vergonhosamente, o maltrataram durante toda a campanha eleitoral. Tenho-o dito: o líder do Chega é, sem dúvida, o líder partidário com mais razões de queixa da comunicação social. O Chega é o partido, neste momento, mais saudável do nosso espectro político. E isso constitui um problema. Em primeiro lugar, para o PS, em segundo, para o PSD e, por maioria das razões, para Portugal. Ao contrário de outros países europeus, estou em crer que é mais fácil um partido de extrema direita chegar ao poder em Portugal. Somos, desgraçadamente, muito idiossincráticos.

Trump, Putin e Netanyahu

Putin is "absolutely crazy", diz Trump, acrescentando que "He's killing a lot of people". Pergunta sacramental a todos os que aplaudem este argumentário anti-Putin, que já foi aqui abordado: por quem preferiríamos ser bombardeados: Rússia ou Israel? (Resposta obrigatória).

O coerente Pedro Nuno

 Pedro Nuno Santos ultimou a sua saída da liderança do Partido Socialista continuando a defender a sua matriz de coerência (e decência) nas decisões que tomou, relativamente ao caso Spinumviva e ao chumbo da moção de confiança. Deveria, no entanto, seguindo esta importante linha ética, candidatar-se, novamente, à liderança do partido. Procedendo desta maneira, levaria a sua coerência (e decência) até ao fim. E até poderia ganhar as eleições.

Os descentralistas

  Acabei de ver no programa "Isto é gozar com quem trabalha" uma bela entrevista com o deputado eleito pelo partido regional madeirense JPP, Filipe Sousa. O sr. deputado, regionalista convicto e defensor acérrimo da Madeira (será a voz das ilhas no parlamento, segundo faz constar), elencou várias discriminações que os ilhéus estão sujeitos por causa do centralismo de Lisboa. Portugal é um país muito centralista, pois está tudo centralizado em Lisboa, acusa Filipe Sousa. Tem toda a razão. O deputado, com esta exposição, retoma uma velha questão que é uma matriz identitária de próprio país. Filipe Sousa, na entrevista, não se esqueceu de dizer, orgulhoso, que é benfiquista. Portugal é isto, trágico e cómico.

Aguiar-Branco e a normal hipocrisia política

 Não simpatizo muito com aquele estafado argumento que ajuda a caracterizar certas pessoas públicas, no qual se diz, com algum grau de censura, "é político", subentendendo-se, a seguir à expressão, um "e isso diz tudo". Ser político não deve ser, obviamente, cadastro, mas currículo. Ao contrário da primeira expressão, há uma outra, carregada de ironia, em que se diz que "melhor do que ser ministro é ser ex-ministro". Tanto uma como a outra têm uma carga depreciativa relativamente ao cargo público que os políticos carregam consigo. Voltemos a Aguiar-Branco. Este pede, aos políticos, nesta nova legislatura, maturidade, ao mesmo tempo que afirma que não está preocupado com a atual composição do Parlamento. Aguiar-Branco, na campanha eleitoral, expandiu uma biliosa retórica, ao proclamar que Pedro Nuno Santos "fez pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos". Temos, pois, aqui, revelado o grau de maturidade daquele que foi a segu...

Vai uma revisão?

 A classe jornalista tem agora um novo tema com que se entreter e nos massacrar e, pelos vistos, não vai, facilmente, "largar o osso". É a revisão constitucional. No que deveria ser um lugar colateral na política portuguesa, passa, agora, a uma obrigatoriedade de discussão entre os partidos de direita.

José Luís Carneiro e João Araújo mostram a crise do PS

De um lado, temos o candidato único à liderança do PS, que se prestou rapidamente a este sacrifício, esfregando as mãos oportunistas; do outro lado, aparece um deputado eleito pelo distrito do Porto que decidiu que não quer, afinal, ser deputado e, por isso, retorna à prática da medicina e ao ensino. Chama-se a isto crise.

Atentados pró-Ucrânia

Começa a ser um hábito os atentados meticulosos contra personalidades pró-russas. Desta vez, foi assim que aconteceu, em Madrid: "Cuando ocurrió el asesinato, Andriy Portnov, de 51 años, acababa de dejar a sus hijos en la escuela situada (...) y se dirigía a su automóvil en el aparcamiento del recinto escolar". À boa maneira da Mossad! O terrorismo de Estado israelita ainda faz escola.

A guerra e a paz

J. D. Vance, vice-presidente dos Estados Unidos da América, encontrou-se com Leão XIV, o primeiro papa americano. O "leitmotiv" desse encontro foi a guerra e a paz. J. D. Vance foi claro: o Papa é um grande defensor da paz mundial e ele serve um presidente que é um grande defensor da paz mundial. Trump é Trump, com tudo o que isso possa significar. No entanto, há uma marca que parece estar a crescer nesta presidência americana: o fim das guerras, a diplomacia como estratégia para resolver conflitos. Alcançado esse escopo, o trumpismo, enquanto corrente "ideológica", terá, ainda, margem para crescer nesta nossa canhestra Europa.

Tempo dos derrotados

Não tenho nada contra os (circunstancialmente) derrotados na política. Recordo sempre Miterrand que, antes de conquistar o Eliseu, só à terceira é que venceu as eleições presidenciais francesas. Neste sentido, não deixa de ser curioso que tanto Montenegro como José Luís Carneiro (que anda agora de megafone na mão a gritar que está disponível) não tenham convencido, internamente, os seus "eleitorados". É preciso alterar esta cultura futebolística na política portuguesa. Os partidos têm culpa ao deixarem-se ir a reboque da comunicação social, designadamente dos nossos extraordinários comentadores.

De Espanha, bons ventos

António Costa foi eleito presidente do Conselho Europeu. Uma vez eleito, transfigurou-se: é, agora, um mimetismo, uma Úrsula Von der Leyen com fato e gravata. Sanchez, primeiro-ministro espanhol, é o oposto de Costa, embora seja, como este, socialista. E a oposição ao nosso ex-primeiro-ministro reside na coerência. Sanchez posiciona-se deste modo, perante a hipocrisia reinante nos areópagos europeus, servindo o festival Eurovisão da Canção de exemplo: "Não podemos permitir duplos 'standards' (...) ninguém levou as mãos à cabeça quando a Rússia foi excluída de competições desportivas internacionais ou de iniciativas como a Eurovisão". Penso que os nossos socialistas do Partido Socialista já se esqueceram do que significa ser socialista, ou do que é o socialismo.

Hipocrisias

Não deixa de ser muito interessante verificar, hoje, um dia após as eleições legislativas, a quantidade de pessoas tradicional e politicamente "moderadas" que estão em"estado de choque" perante o crescimento do partido de extrema direita Chega.

Eleições

Estou em crer que o Chega é o único partido partido que pode estar genuinamente contente. O (eventual) terceiro lugar do Partido Socialista é - pode ser - circunstancial, como o foi a maioria absoluta do PS há dois (!) anos. Neste contexto, hoje é o PS em terceiro, amanhã pode ser o PSD.

Voto

Já votei. Não gostei de não ter a possibilidade de, eu próprio, meter o voto no caixote. Adenda: parece que essa prática, segundo o que vejo, só se verificou na junta de freguesia de Mateus, em Vila Real.

Dia de reflexão

Este blogue respeita, escrupulosamente, ao abrigo do artigo... do decreto-lei n°... (não encontro qualquer legislação que defina o dia de reflexão) o silêncio artificialmente imposto (podiam ser mais dias) comummente designado por dia de reflexão. Anoto, no entanto, para quem estiver interessado, que eu não vou votar, obviamente, AD.

O chanceler

Friedrich Merz, numa conferência conjunta com António Guterres, afirmou que Benjamim Netanyahu pode visitar a Alemanha, pois é um primeiro-ministro eleito democraticamente. Penso que o senhor Friedrich Merz saberá que o seu compatriota Adolf Hitler também foi eleito democraticamente. Estou certo que o secretário-geral das Nações Unidas fez o favor de lhe lembrar essa factualidade.

Os portugueses estão cansados de eleições e, por isso, não votam

O título deste post é fundamentado nos estudos de opinião que têm atravessado, ciclicamente, de há uns para cá, as campanhas eleitorais. Chamam-se sondagens. A atual  campanha não foge a esta sofreguidão, que, agora, é diária. Chama-se, em bom português, "tracking pool". Como reflete o título do post, os portugueses, segundo as aprumadissimas sondagens, estão cansados de eleições e o resultado é mais do que evidente: uma enorme, extraordinária abstenção. Certo? Não, não é nada certo. Os portugueses estão a votar, tendo em conta os números dos votos antecipados, mais do que, formatadamente, deveriam. No entanto, não é isso que demonstram as sondagens!... Como é possível?!... As celebradas análises não faltarão, a espaços celebrativos com o universo futebolístico.

SNS animal

A simpática e sorridente cara da Inês Sousa Real não é, infelizmente, suficiente para não deixar de me sentir incomodado com o cartaz. Este apela à criação de um serviço nacional de saúde para os animais irracionais. Existe um adequado qualificativo para estes tipo de intervenções: fundamentalismo. O tempo que vivemos é de uma crise no serviço nacional de saúde, o que foi criado pelo Partido Socialista. É por isso que existem urgências (pediátricas incluídas) encerradas, bebés a nascerem em ambulâncias, ambulâncias que chegam tarde, etc. Perante este cenário, não ocorre nada mais interessante ao PAN (Partido Animais e Natureza) do que a criação de um serviço nacional de saúde para animais.

A campanha

 Entramos no último dia de campanha, que decorreu, diga-se de passagem, de acordo com o que dela se esperava. Daí que não entre nas narrativas mais ou menos institucionais e pretensamente academicistas, que advêm (de quem mais?) dos órgãos de comunicação social, os quais sublinham, "grosso modo", a falta de nível pela qual se pautou esta campanha eleitoral. No entanto, a questão pertinente que se deve abordar é sobre a responsabilidade que estes mesmos órgãos de comunicação social têm na linha  programática que caracterizou a campanha eleitoral. Sintetizando: a imprensa queixa-se que não se debateu o que realmente interessa, mas ela própria não deu hipótese disso acontecer.

Gouveia e Melo

Gouveia e Melo, com o seu inusitado anúncio, a três dias das eleições legislativas, da sua candidatura a presidente da república, tem originado um pequeno tumulto comunicacional. O almirante é, segundo o próprio, o oposto de Marcelo, um presidente falador, que fala por tudo e por nada. Não sei se ele tem consciência disso, mas com este anúncio, a três dias das eleições legislativas, ele consegue ser mais Marcelo do que o próprio Marcelo. Mais tarde ou mais cedo, o senhor Almirante vai ter de abrir os cordões à bolsa e contratar uma prestigiada agência de comunicação. Pode, por exemplo, aconselhar-se com o PSD. O hino da atual campanha deste partido assentar-lhe-ia muito bem: deixem o almirante navegar...

Jornalismo

 Já aqui referi que o nosso jornalismo anda pelas ruas da amargura. Nunca vi, na verdade, um nível tão baixo dos profissionais da comunicação social. Até posso admitir que a culpa nem seja primeiramente deles, mas antes das obrigações decorrentes dos monopólios empresariais que lhes dão sustento. Também já lembrei várias vezes que, neste propósito, André Ventura é o político mais mal tratado pela comunicação social portuguesa. Daí que retirar frases do contexto em que são proferidas seja uma espécie de caça ao tesouro por parte destes profissionais. Posso até entender que esta atividade renda bons proveitos em programas humorísticos, mas o mesmo não pode acontecer numa informação que se quer isenta e séria. Assim, a frase "Não podem querer que durma ao lado dum cigano", dita por alguém do partido Chega e transmitida, despreocupada e descontextualizadamente, pelos diversos órgãos de comunicação social é, socialmente, perigosa, mas é, sobretudo, muito mau jornalismo.

André Ventura

 André Ventura de pijama, André Ventura na cama do hospital, André Ventura de camisa aberta na cama do hotel, André Ventura à saída do hospital com o casaco pendurado num dos ombros (o peso seria muito grande para o ombro esquerdo), André Ventura carregadíssimo de pensos... Enganei-me: pensei que iriamos ver uma versão "inshallah" do 13 de maio, com o líder do Chega a rezar, de joelhos, junto à imagem da nossa senhora de Fátima que alberga a bala que quase vitimou mortalmente o papa João Paulo II. Luís Montenegro e André Ventura: quais são, artisticamente, as diferenças?  

Os comentadores e o ámen a Montenegro

Outra vez (e mais uma vez) os comentadores. É curioso, muito curioso, ver os comentadores que há duas ou três semanas perseguiam implacavelmente Luís Montenegro como uma espécie de clandestino a bordo, estejam hoje a alcandorar o mesmo Luís Montenegro, ex-gestor da Spinumviva e primeiro-ministro do último governo constitucional, como uma inevitabilidade (e naturalidade) vitoriosa nas eleições de domingo.

O sr. Almirante

Gouveia e Melo anunciou hoje, a três dias das eleições legislativas, numa entrevista à rádio Renascença, que será candidato a presidente da república. Há um mês ou dois, afirmou que só anunciaria a sua decisão depois das eleições legislativas. Começa, portanto, bem o sr. Almirante. Afinal, o natal sempre é em dezembro.

Úrsula Von der Leyen e a transparência de quem não é eleito

Já se sabia que Ursula Van der Leyen, enquanto ministra da defesa alemã, não foi uma ministra pautada pela transparência nas decisões que tomava, o que, de certo modo, diz muito sobre o grau de exigência dos escolhidos de Bruxelas. Foi agora obrigada, pelo Tribunal Geral da União Europeia, a divulgar o que escondeu através das mensagens que trocou com o CEO da farmacêutica Pfizer. Possivelmente, vai cobrir-se com o falacioso argumento de que as mensagens já não existem, isto é, estão (convenientemente) numa qualquer e inacessível lixeira em forma de nuvem. Qual a moralidade desta gente para criticar quem quer que seja?

Uma mãozinha de Macron

 Macron decidiu dar uma mãozinha a Putin, a escassas horas do eventual encontro entre o presidente da Federação Russa e Zelensky. Emmanuel Macron afirmou, numa entrevista televisiva, que os ucranianos já estão convencidos da impossibilidade da recuperação dos territórios ocupados pelos vizinhos russos. Donald Trump veio, de facto, baralhar o planeta

Chega

 Em primeiro lugar, os meus votos de melhoras para o líder do Chega (parece que tudo não passou, felizmente, de um susto). Em segundo e último lugar, estou curioso para ver a reação dos "compagnons de route" de André Ventura - e dele próprio - relativamente ao modo como usarão este sobressalto. Será que optarão pelo utilíssimo e oportuno "inshallah" do 13 de maio?

Os traumatizados filhos de Luís Montenegro

 Há dias, já em pré-campanha eleitoral, Luís Montenegro saiu-se com esta, num programa televisivo da tarde: um dos filhos tem "as portas fechadas" e outro quer emigrar por causa do pai. Hoje vimos um dos filhos de Luís Montenegro todo embrenhado na campanha do pai, em plena rua de Vila Real, não se comprometendo, todavia, com mais ações de campanha, pois o trabalho, decerto, o não permitirá. O trabalho, note-se, é na Spinumviva, na qual é agora o sucessor do pai na gestão da empresa. Não me recordo de Cavaco Silva, o mais sério dos políticos sérios (teríamos de nascer duas vezes para sermos mais honestos  do que ele) apadrinhar habilidosos deste calibre.

O ministro da educação

Fernando Alexandre, ministro da educação, andou em roda livre quando foi questionado sobre a não divulgação da auditoria que revelaria o número de alunos que ainda estão sem professores. Responde aos jornalistas da seguinte forma, numa estonteante afabilidade:: "Não sabemos se vamos ficar a saber". Será assim tão complicado conferir quantos alunos estiveram sem professores nos primeiro e segundo períodos letivos? Claro que não! Acontece que o tempo deste cessante governo é de habilidades, não fosse ele chefiado por alguém que navega com facilidade nestes tipos de acrobacias.

As sondagens; as eleições

Fico perplexo quando ouço ilustres comentadores (são todos naturalmente ilustres) e até mesmo alguns cientistas sociais garantirem, com base nas sondagens que vão pingando, a certeza de um resultado ou mesmo de uma tendência. As sondagens têm demonstrado, nós últimos tempos, debilidades que não têm sido, aparentemente, reconfiguráveis. Daí que não se consiga sair, no debate eleitoral, da discussão das percentagem e dos estados de alma dos eleitores que as sondagens nos oferecem. À falta de melhor, sempre temos as sondagens.

Peregrinação - destino - Fátima

  Tenho a impressão que as peregrinações a Fátima têm vindo a ganhar, nos último anos, uma clientela mais acomodada a outros tipos de peregrinações. Não deixa, com efeito, de ser curioso ver os nossos "socialites" fotografarem-se a caminho de Fátima, com as frases e expressões originalíssimas que este evento, anualmente, produz. Tudo postado, com óculos escuros da moda e bonés a condizer, nas redes sociais.

"Have the meeting now", diz Trump

 Claro que Donald Trump, esse paladino da paz (gostaria de ser cabalmente irónico ao escrevinhar esta expressão qualificativa) não deixa que os louros de um putativo encontro na Turquia entre Zelensky e Putin caiam, inteirinhos, em Edrogan, até porque "we are doing some work with him" e até poderia juntar-se ao encontro "if he felt it would be important toward getting the deal done".

A campanha alegre

 Pronto! Os nossos comentadores já encarrilharam todos no "mainstream" do comentário: a campanha não tem veiculado os temas que interessam aos portugueses e ao mundo. Claro que eles não têm culpa nenhuma disso.

Mortalidade infantil

Uma das conquistas do SNS - talvez a mais relevante - diz respeito à verdadeira revolução dos números relacionados com a mortalidade infantil. Na verdade, comparar esses índices de mortalidade do tempo da ditadura com o tempo democrático, designadamente no que diz respeito a uma aposta planeada e concretizada dos cuidados materno-infantil (acompanhamento de grávidas, cuidados pediátricos, etc.) é comparar dos países completamente distintos. Fomos, no campo da mortalidade infantil, um exemplo para o mundo. Segundo os últimos dados, andamos, paulatina e desgraçadamente, a cair nessa mesma tabela, a qual constitui um dos mais factuais índices de desenvolvimento dos países. Há explicação? Claro que há. E até é muito fácil percebê-la. Continuaremos este caminho descendente? Parece que sim, pois não se vislumbra qualquer política favorável nesta matéria. Inexplicavelmente, conseguimos tratar muito mal os velhos e os bebés (as grávidas).

Fim da guerra?

  O fim da guerra da Ucrânia só será possível quando os quatro mosqueteiros que foram ontem a Kiev, encostados à almofada de Trump (curioso verificar as vezes que referiram - sentiram essa necessidade! - o nome de Trump e dos EUA), decidirem que está na hora de Zelensky negociar. A expressão mais importante da proposta de Vladimir Putin para iniciar conversações diretas com a Ucrânia foi o adjetivo "sérias". De facto, não se consegue imaginar o presidente ucraniano responder autonomamente ao líder russo. Zelensky esteve sempre manietado pelos seus fervorosos apoiantes anti-Putin e anti-Rússia. Neste sentido, a escolha da Turquia tem um significado óbvio: foi neste país que se iniciaram, em 2022, as primeiras negociações de paz, que os aliados de Zelensky (Boris Johnson, Joe Biden...) conseguiram desviar para os caminhos que agora trilhamos. Convém sempre não esquecer: a possibilidade de a guerra acabar (ou mesmo não ter começado) meses após a invasão da Rússia, existiu.

Montenegro, o faroleiro

  Luís Montenegro tem sido profícuo nas suas manifestações de júbilo eleitoral, eventualmente dirigidas pelos seus assessores de comunicação. A última foi a de se autoconsiderar com a responsabilidade de ser o farol que o país precisa. Esta aproximação de Montenegro ao homem do leme cavaquista é mais do que evidente e, sendo evidente, mostra, de certo modo, uma enviesada leitura do país em que vive. É certo que o sebastianismo ainda andará por aqui, meio invisível por entre as brumas da memória. O almirante Gouveia e Melo que o diga. Mas alcandorarmos Luís Montenegro como o nosso faroleiro-mor poderia ter sentido se optássemos pelo significado mais popular: "pessoa que fala muito e sem sentido, que gosta de se vangloriar". Neste contexto, Montenegro terá toda a razão; faroleiro enquanto farol ("nesta campanha podemos dizer que levamos a luz, a lanterna..."), é, simplesmente, uma boa piada.

Montenegro, o peregrino

Ontem vimos mais uma das habilidades de Luís Montenegro. O ainda primeiro-ministro, numa feliz coincidência de campanha, foi dar um beijinho à mulher, ex-sócia da Spinunviva, que andava, pelos lados de Aveiro, em peregrinação a Fátima. Questionado pelos jornalistas, Luís Montenegro afirmou, sério, que era uma questão pessoal da sua mulher.  Luís Montenego  joga em tabuleiros muito rascas. Pode ganhar, com estas habilidades, alguns votinhos, mas perderá, decerto, outros. Ele sabe isso, e os seus consultores de campanha também. As contas estarão feitas, mas a matemática também é falível.

O não é não do PSD-CHEGA

Ainda não é uma coligação, mas, pelo que se vê, anda lá muito perto. A aproximação ideológica deste PSD com o Chega torna-se, aos poucos, uma evidência: ora são os paquistaneses encostados à parede no Martim Moniz, ora é o anúncio da deportação de dezoito mil imigrantes e, agora, as alterações à lei da greve porque, para Montenegro, "também há o direito a trabalhar (...) a circular (...) de termos tranquilidade na nossa vida" e a ele cabe-lhe, qual Cavaco Silva nos seus melhores dias, salvaguardar o "interesse geral". Tem toda a razão, Luís Montenegro, pois é precisamente para alcançar esses direitos a razão de ser desta (e de outras) greve. Rui Rio perdeu, estranhamente, as últimas eleições legislativas, porque não soube demarcar-se do Chega; Montenegro, aparentemente, está a aproximar-se, na esperança estratégica de roubar uns votinhos ao partido de André Ventura. Não creio que seja esse o caminho. Alguns políticos, de tão obcecados pelas habilidades, ...

A expulsão da Rússia do mundial de futebol

  Curioso ver a cara de Gianni Infantino , presidente da FIFA, a justificar o banimento da Rússia do próximo mundial de futebol que se realizará nos Estados Unidos. Mais interessante do que a expressão facial é a justificação atabalhoada que dá. Trump não entende e, de facto, custa a entender esta linhagem política que continua a grassar, cada vez menos, parece-me, nas lideranças mundiais.

Greve na CP e Miguel Pinto Luz

 Este governo está repleto de extraordinários ministros. Um deles é Miguel Pinto Luz, Ministro das Infraestruturas, que classificou a greve da CP como uma greve política. Gostaria de saber que tipos de greves Miguel Pinto Luz conhece para além das greves políticas. Mas eu percebo o entendimento: Miguel Pinto Luz acusa a CP de provocar esta greve em plena campanha eleitoral. Chama-se, portanto, eleitoralismo. Ora, a CP não é um partido político. Os sindicatos estão, simplesmente, a lutar por melhores condições de trabalho, nomeadamente salariais. O governo também não é um partido político, mas - esse sim - faz campanha eleitoral, ainda por cima da mais ignóbil que se pode imaginar. Alguém se lembra de um conselho de ministros realizado no Mercado do Bolhão?

Os comentadores

 Os nossos extraordinários comentadores têm, como sabemos, várias especialidades. Dou somente o exemplo de duas: Guerra e Vaticano. É muito interessante vê-los a discorrer, seriamente, sobre as bombas que caem na Ucrânia e na Rússia, as neurastenias de Putin e sobre todos os cardeais papáveis. Extraordinário!

A comemoração dos 50 anos do PSD

 Montenegro conseguiu juntar Cavaco, Passos Coelho, Rio, Marques Mendes no jantar de aniversário comemorativo dos 50 anos  do partido. A respeito deste evento, gostei do comentário de Paulo Raimundo, quando afirmou que a ementa cheira à troika. Acrescentaria que a sobremesa tem umas pinceladas do Chega. E o chef, aqui, é Passos Coelho.

Jornalismo

Há dias, um jornalista da SIC, na fase de comentário às eleições legislativas, com uma "gravitas"ensaiada, decerto, no espelho do camarim, afirmou o seguinte, a respeito da incapacidade do PS de juntar os seus ex-lideres (vivos), à semelhança do que foi feito pelo PSD nas comemoração do seu aniversário: Guterres está preso na ONU, Costa está preso em Bruxelas e Sócrates está a ver se não vai preso. Engraçado, não é? Assim vai o nosso jornalismo. O comentário futebolístico fez, penetrantemente, escola.

Configurações alemãs

Inesperadamente, a coligação entre SPD e a CDU, de Friedrich Merz não alcançou, no Bundestag, a maioria necessária. Não sei se esta derrota tem a ver com a recente e arriscada decisão de considerar quase ilegal o partido de extrema direita AFD. Os tempos são, igualmente, extremados. Em Portugal, um não acordo de governo daria para o Carmo e a Trindade se estatelarem, ao comprido, no chão.

Deportação de imigrantes em Portugal

Já se começam a ver reportagens em direto, em algumas televisões, a mostrar as filas de imigrantes que, à porta da AIMA, tentam regularizar as suas situações de permanência no país. As intempestivas entrevistas a essas pessoas que se encontram à espera da abertura da porta são tão naturais como quem bebe um copo de água numa tarde de calor. Ficamos então à espera do direto da deportação dessas pessoas, com as bandeirinhas do Chega e do PSD à noite, numa televisão perto de si.

CNN Portugal e a hipocrisia

 Uma deliciosa e anónima  peça jornalística da CNN Portugal , cujo título é já meio caminho andado para qualificarmos o panorama da nossa comunicação social: "Hipocrisia oficial: Lula e a primeira-dama do Brasil na Rússia". A redação da CNN Portugal presenteia-nos com estas pérolas discursivas, a respeito do Presidente do Brasil: - "nova esposa" (referindo-se a Janja Lula da Silva); - "simpatia por regimes autoritários (referindo-se ao presidente do Brasil); - "retórica democrática" (referindo-se aos discursos de Lula); - "seletividade e hipocrisia"; - "afronta à inteligência de quem acompanha a política internacional" (esta é extraordinária); - Putin financia a viagem de Janja e do marido com o dinheiro dos contribuintes brasileiros ("Se Janja está preocupada com o extremismo, deveria olhar para o próprio anfitrião... que, com o dinheiro dos contribuintes brasileiros, financia a sua viagem enquanto perpetra atrocidades que el...

Futebol, jovens, país, povo e a ERC

  A entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) divulgou dados de um estudo em que mostra que o futebol foi, nos media, o conteúdo mais consumido pelos jovens, em 2023 e 2024. A seguir vêm os "reality shows". Uma boa amostra educativa, portanto, da qual nos podemos orgulhar enquanto povo e país. As televisões, enquanto proeminentes órgãos de comunicação social, têm obrigações públicas, decorrentes das suas licenças contratuais. Uma delas é, por exemplo, transmitir, diariamente, programas educativos destinados ao público infanto-juvenil. A CMTV não cumpre essa determinação e, ao que parece, não é penalizada por essa ausência. Estão, pois, estipulados os mínimos. A minha dúvida é quanto aos máximos. Explicando: por que razão os canais de notícias e generalistas dedicam uma enormíssima percentagem das suas emissões com a análise (?!...) do quotidiano de três clubes de futebol? Estas televisões obedecem a um enquadramento democrático de equidade que a entidade reguladora ...

O zig e o zag de Luís Montenegro

Luís Montenegro esteve muito engraçado com a história do zig e do zag, ontem, no debate com todos os líderes partidários. Montenegro quis, com estas habilidades (ele é um autêntico habilidoso) mostrar que a constância não é um atributo com o qual Pedro Nuno Santos se pode, naturalmente, identificar. Pelo contrário, o líder do PSD é um poço de virtudes, de seriedade e, sobretudo, posições marcadas por uma marca de invariabilidade. A campanha eleitoral é isto e nada mais do que isto. Siga quem tiver paciência.

Trump, JD Vance, Marco Rubio e 2029 ali ao virar da esquina

  A hipótese de Donald Trump concorrer a um terceiro mandato é assunto político nos Estados Unidos e, como é assunto político nos Estados Unidos, é assunto político na Europa. Já existem bonés a outras coisas do género à venda. Trump já disse, zelosamente, que não, que não está nos seus horizontes concorrer a mais um mandato, até porque a constituição americana não o permite. E "ofereceu" o lugar a dois dos seus colaboradores mais proeminentes: JD Vance e Marco Rubio. Ora, a aposta nestas duas personagens, por parte do presidente dos Estados Unidos, irá, decerto, contribuir para mais um profícuo e desconexo labirinto na política americana e, por osmose, na Europa. É, simplesmente, Trump a ser Trump.

O milagre do Vaticano (ou do Papa Francisco)

  Vou começar a acreditar em milagres. Quinze minutos abençoados pela atmosfera beatífica da igreja  do Vaticano bastaram para se vislumbrar uma luz resolutiva para a guerra na Ucrânia. Com efeito, se tivermos em boa conta as palavras de Zelensky, esta reunião constituiu a "melhor conversa com o presidente Trump". E não foi para menos: os polos de interesse entre os dois países foram, de facto, abrangentes: novas sanções à Rússia, acordo económico entre os dois países (minerais essenciais, futuros investimentos americanos na reconstrução ucraniana), defesa aérea, cessar-fogo de 30 dias. Haverá um quarto milagre de Fátima?

Campanha eleitoral

 Começam amanhã aqueles dias que estão consignados por lei para os partidos fazerem campanha. Durante 15 dias, vamos ouvir e ver, nas televisões e nas rádios, o que de pior tem a política: a demagogia que se direciona, sobretudo, para os politicamente iletrados. Os partidos, uns bem mais do que outros, alguns mesmo sem essa marca, focalizar-se-ão em mensagens que estarão ao nível dos debates futebolísticos. E será assim, futebolisticamente, que tudo decorrerá. Quem vai gostar deste espetáculo? Os opinadores, claro, vulgarmente chamados comentadores.

A mensagem de Zelensky e as comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial em Moscovo

 Volodymyr Zelensky afirmou que não se compromete com a segurança dos líderes mundiais que estarão presentes nas comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em Moscovo. Este tipo de declarações refletem muitíssimo bem o perfil do líder ucraniano, apoiando, de certo modo, as teses que o acusam de ser um político com tendências, no mínimo, radicais. Por que razão não se ouve qualquer voz ocidental criticar Zelensky quando ele diz estas barbaridades?

Cavaco e Montenegro; Montenegro e Cavaco

  Cavaco Silva a elogiar as qualidades éticas de Montenegro (tem uma dimensão ética igual ou superior às dos outros líderes partidários, segundo o ex-primeiro-ministro) é muito interessante. Cavaco não apoiaria Montenegro se lhe passasse pela cabeça que não poderia ganhar as eleições. Cavaco quer, através de Montenegro - que é um seu indefectível admirador -  ser, igualmente, um vitorioso, sair da sombra esmagadora da história. Quer ouvir Montenegro retribuir-lhe, publicamente, palavras elogiosas. Cavaco é assim: constrói a sua própria história.

Rui Rocha

  Entre aspas: "Devo ter sido das primeiras pessoas que chamou mentiroso a José Sócrates" (Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal). Quando um líder de um partido diz, na televisão, numa entrevista à tarde, uma coisa deste jaez está tudo dito sobre o próprio. Deve ser por causa deste tipo de postura que os cartazes da Iniciativa Liberal sofreram uma rutura radical, para um design mais institucional, mais sério, mais respeitador, mais mentiroso.

AFD, o partido extremista

 O Departamento para a Proteção da Constituição na Alemanha classificou o AFD como um partido extremista de direita, que põe em causa valores constitucionais. O passo seguinte, eventualmente antes de uma ilegalização, será o de o colocar sob vigilância apertada, a qual passa, inclusivamente, por escutar conversas telefónicas entre os seus dirigentes. Ora, isto é o oposto do que deve ser viver em democracia  As soluções encontradas pela generalidade dos países europeus poderão desaguar num mar pernicioso e contraproducente  no futuro. Nas escolas ensinam aos jovens o que foram as ditaduras fascistas do século XX, colocando ao lado o seu oposto, a "liberdade livre" própria dos regimes democráticos. Parece que, mais uma vez, poderemos estar a navegar em ambiguidades conclusivas e irrefletidas sobre a "solução final" para este tipo de partidos. Convém não esquecer que o AFD é o segundo partido mais votado na Alemanha. É assim, com este tipo de presentes, que estes parti...

Hugo Carneiro

 O pedido de Hugo Carneiro para investigar os registos telefónicos dos jornalistas que divulgaram as empresas que estiveram ligadas à empresa do primeiro-ministro não é, num regime democrático, aceitável, ainda para mais quando esse pedido não vem do Chega.

Jornalismo e os jornalistas debatentes

 Já tínhamos visto José Rodrigues dos Santos, na RTP, realizar uma deplorável entrevista ao líder do PCP, Paulo Raimundo. Agora vimos, na segunda-feira, na SIC Notícias , o jornalista Rodrigo Prata debater com André Ventura, quando deveria estar a realizar uma entrevista, para a qual convidou o líder do Chega. Iniciou a entrevista com esta pergunta, a marcar, desde logo, o tom: "O senhor está a fazer campanha eleitoral num momento de crise energética totalmente imprevista?" Depois, não deixou André Ventura explanar o seu ponto de vista, criticar o governo ou o primeiro-ministro. Não sei ao certo (é difícil entender) qual o papel da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Possivelmente, os seus membros (quantos são?) andarão embrenhadíssimos em trabalhos de regulação vários e não têm tempo para se ocupar das televisões. Deve ser isso.

Santana Lopes

 Que saudades de Santana Lopes! Ontem, no debate na NOW, afirmou, categórico, que ia sair; depois, afirmou, categórico, que não se levantava (não saía, portanto), mas que não participava no debate; depois, categoricamente, falou que se fartou.

Olhar para a camera

  Vi o debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro. Foi um debate pobre, demasiado compartimentado, com dois contundentes apostados em transmitir uma imagem sólida e confiável. Reparei que Luís Montenegro tinha uma preocupação estética quando falava, a qual redundava em olhar para a camera que o estava a filmar. Ora, este processo comunicativo em televisão teve, politicamente, o seu auge em tempos já idos. Os políticos eram aconselhados a olhar para a camera, pois, ao fazê-lo, estariam a falar diretamente para os portugueses, olhos nos olhos. Depois dos políticos que "não olhavam para a camera" como, por exemplo, Cavaco, Soares e Guterres, entre outros, vieram os políticos plastificados nas agências de comunicação. E esses, sim, eram obrigados a olhar para a camera, nos debates televisivos, se quisessem ganhar eleições. Alguém ainda acredita nisto? Parece que sim. Rui Calafate, especialista nesta área e colaborador da CNN Portugal, deu a vitória a Luís Montenegro no deba...